segunda-feira, 31 de maio de 2010

Prelúdio de um inverno frio

Cansei.
A não-precisão das coisas me cansa.
Posso sentir sua respiração, não tão perto como queria, e isto não me faz bem.
Quero o ar quente, que sai do seu intímo, no meu pescoço.

E não é certo querer e não ter.
Tem algo que me diz que terei sempre o que quero.
Mas estou preso a aquela cama suja, naquele quarto com objetos deixados no chão, só pela comodidade, preguiça, desleixo, ou simples vontade não-contida.
Aquele quarto me consome.
E eu só queria te levar para lá, para dentro do meu quarto.
Te mostrar o não-tão-real mundo meu.

Preciso de um corpo (quente, de preferência) para aparar minha vontade devastadora de sentir outra pele que não a minha.

Queria minhas lágrimas rolando no seu ombro, só um pouco. Te molhar com a água que exprime o significado pelo qual vivo, quem sou ou porque continuo escrevendo e gritando parar todos os lados as armadilhas secretas que cercam meu coração.

O lábio é muito pouco, a pele de sua face limpa e lisa ainda não é suficiente.
Preciso ir mais fundo, te sentir por dentro, tocar seu interior, suar e sentir seu suor. Trocar energia estática. Fechar os olhos por saber que entendi.

É chato, e por isso cansei, mas eu sempre tento entender, conhecer, julgar, tocar em tudo que quero compreender e gostar...

Nunca é fácil deixar as folhas cairem e esperar pelo próximo outono...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quarto Vazio

Sabe aquela vontade?
Aquele momento perfeito que parece se dissipar no ar, como o próprio tempo?
Sentir tão perto, e estar tão longe.
Pronto pra tudo que for acontecer, menos para o não.
Esperando a vida fazer o papel dela.
Esperar nunca foi uma boa idéia, melhor é fazer acontecer.
Não que seja simples. A maioria das vezes não depende de você ou de toda sua vontade.
Querer não é tão poder, assim...
Isso é estranho e triste. Poderíamos sim, ter tudo que quisermos.
Mas nunca aprendemos como fazer isso exatamente.
E continuamos nos enganando.
Queria seu beijo, seu corpo, seu desejo.
Mas não pude ter.
E certamente, não que eu não quisesse.
Mas talvez porque você não quis.
Seria tão bom não manter as aparências.
Queria te ver nua.
Sem proteções, mágoas ou passado.
Queria te ver pura.
Eu gosto das pessoas.
E adoro suas opiniões, mas odeio seu jeito cínico e imbecil de não mostrarem o que realmente querem.
Mas também faço isso.
Sou podre como você.
Acho que apodrecemos junto com o ar, agora poluido.
Queria fazer tudo ser limpo e lindo, como um dia foi, só para te mostrar e te fazer sorrir.
E sua voz, tão macia e fácil de ouvir.
Gostaria do seu beijo, e quem sabe mais um abraço.
Antes de me entregar tão loucamente e solitáriamente a este quarto vazio.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Amores não respondidos

E pra quê mesmo que começei a sorrir?
Se toda expressão facial que demonstra alegria foi puramente falsa?
Falso, louco e tão estúpido que só me dava náuseas. Náuseas de mim mesmo.
Te afirmei coisas sem me afirmar antes. Sou mais um louco obsessivo.
Queria não precisar olhar para fora de meu mundo, tão particularmente meu. Lindo.
Mas os outros existem. E me entristece saber que os outros são iguais a mim. Vou vomitar.
Pretendo apenas apostar. Jogar fichas e deixar esta merda responsável que chamamos de destino, na mão de qualquer um, menos na minha.
No fundo são só amores não correspondidos, e ás vezes nem ao menos respondidos.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

4e20

De repente o céu parece dois enormes elefantes brancos que sairam pra brincar.
O ceú está escuro, os elefantes escondem o sol.
E eu estou feliz.
Olho pro céu e sinto pureza.
Difícil é não acordar para sentir e ver tanta beleza em um evento tão singular.
E ando pela ruas como se fosse meu último dia.
Pensamentos de ontem e amanhã só me fazem desfocar do que quero hoje.
E continuo andando.
Meus pés estão encharcados.
Sinto apenas falta do carinho.
Sabe aquele que você nunca foi acostumado a deixar para trás.
E a satisfação de poder tê-lo a hora que desejar.
Sonho.
E sonhos são perigosos.
Eles te afastam da realidade e te trancam na própria realeza mágica do mundo das idéias e devaneios.
Ás vezes os dois mundos se confundem. E você pode sentir o gosto amargo da felicidade pura e instantânea.
E o cheiro do ar... Se parece sempre com aquele sutil cheiro de terra molhada.
O ar me toca parecendo delicadas mãos de uma menina de 16 anos.
Sinto um alívio.
E minha cabeça está vazia.
Vazia, cheia de idéias. Ainda flutuo entre o mundo real e o dos devaneios. Críticos, quando me deixo influenciar por outras mentes.
Penso no resto do mundo.
Penso nas pessoas que sentem o mesmo.
Penso nas que tentam sentir o mesmo e acabam matando a si mesmo, destruindo seu próprio mundo imaginário.
Penso nos medrosos, que deixam principalmente os sonhos para depois.
E ainda quero um abraço.
Ficar quente nos braços de alguém.
E poder sorrir.