quarta-feira, 30 de junho de 2010

Insólito ar

Voz mansa, como se nada ao seu redor realmente importasse.
Respiração lenta e ritimada.
E ter todo tempo de mundo a sua frente, ás vezes não é tão vantajoso assim.
Alegres são os que deixam o tempo passar.
Fechar os olhos e esperar o mundo decidir que está, ou não, na hora de você sorrir.
Ela acordou.
O dia era tão escuro e chuvoso quanto o anterior.
Não havia razão alguma pra sair da cama, mas ela saiu, desafiando sua sina.
Queria um pouco de atenção.
Sonhou com bolhas, num mar de sabão.
Dormia num quarto umido e com uma brecha que entrava pouquíssima luz.
Mas ela não precisava de luz.
Ela não precisava de nada.
Nem amor, nem ódio, nem tempo, nem dinheiro.
Ela não era feliz e nem pretendia ser.
Estava bom assim.
Um dia chegou a sonhar com o tal príncipe.
O procurou toda noite em baixo das cobertas e nas pistas de dança.
Não encontrou nada.
Desistiu do príncipe.
Desistiu dos homens.
Desistiu das pessoas.
Mas mesmo assim, continuava sentindo necessidade de pele.
Se tocava todo dia.
Aquilo a fazia sorrir.
Mas era tão solitário.
Ainda faltava outra pele, que não a dela própria.
Beijava paredes no banheiro, fingindo ser seu prícipe.
E ele parecia mais um junkie cult, do que exatamente um nobre de cabelos loiros e roupas limpas.
Resolveu parar de esperar.
Começou a olhar para os meninos, como apenas diversão.
Quebrou muitos corações, mas se divertiu.
Esperou o fim.
Morreu quieta e insatisfeita.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Satisfação (ou Desespero)

Como criança que vai dormir tendo acabado de voltar da sorveteria e onde tinha experimentado 3 sabores diferentes.

Sobre o céu, ele pôde ver suas nuves cobrirem a lua.

Ele quer engolir o mundo.

Aranha.

E era frio, como ele gostava.

Como alguém que sai de casa numa nevasca e entra em outra casa de alguém louco e cheio de vida pra mostrar.

Pontos finais são interessantes.

Mas os de continuação são mais misteriosos.

Reticência, então...

Ele prefere lugares diferentes.

Ele ainda sonha em experimentar todas as sensações.

Mas seu porto fica cada dia mais longe.

E mar adentro se entrega.

Olhando sempre pro céu.

E suas estrelas estupidamentes bonitas.

Há navios perdidos.

Sobre o mar ele pôde sentir na pele a sensação de prisão e liberdade de estar imerso.

Era bom.

Prefiria não lembrar.

Queria sonhar.

Como astros, que se conhecem e não se tocam.

Não.

O toque.

Sobre o ar ele não podia falar nada.

O ar existe?

Este que cerca sua boca é o mesmo?

Espaço.

Pouco espaço.

Quer perto.

Só.

Só a dois.

Três.

Como o ar, ele quer não existir e tocar tudo. Sem prender como o mar ou se esconder como a lua no céu ...

sábado, 26 de junho de 2010

Lágrimas e brilhos furtivos

Socar seu estômago.
Primeiro pensamento registrado numa cabeça que não suporta mais peso nenhum de nada que não seja concreto.
E o medo surge feito um trem descarrilhado e descontrolado que aparece por trás das árvores.
O soco te faria perceber que existe muito mais em uma pessoa do que seu olhar.
E que nem todas conseguem exatamente falar o que precisam. Lhes faltam instintos.
Te faria deixar o silêncio tomar conta. Deixar tudo ser como o ar. Que é sábio, a propósito.
Esquecer tudo que pôde um dia te magoar e te ferir, quando nem mesmo te toca.
E você devia mesmo saber que a vida não é apenas uma linha e sim um triângulo. Onde todas as partes se tocam e são dependentes.
Precisamos dos outros e precisamos de muitos.
Lembra aquele menino que conhecemos?
Ele ainda vive embaixo de uma macieira, naquela mesma colina. E toda noite ele sai pra caçar estrelas.
Ele tinha ganho uma, tempos atrás
Cadente.
Você chegou a conhecer, lembra?
Ela era linda.
Mas era só e cada vez brilhava menos.
Estrelas precisam das suas vizinhas para brilhar mais ou menos.
E ele precisava de novos brilhos.
Queria parar de admirar as estrelas apenas no ceú e ter só uma ao seu alcance.
Precisava disso.
No primeiro dia, ele simplesmente esperou a noite cair e viu a estrela que mais brilhava para ele, naquele momento.
Pois o brilho das estrelas certamente não é igual para todos olhos, assim como as cores.
Ele pulou por sobre os galhos da macieira e foi escalando até o topo.
Olhou para trás e viu sua estrela cadente sem forças para brilhar ou vim para o céu com ele.
Deixou-a com um triste adeus.
Voou e foi atrás da que mais brilhava.
Segurou-a com todos os dedos.
Toque quente, suave e espirituoso.
Trouxe-a pra junto do seu corpo.
Decidiu que aquela noite não voltaria pra macieira.
De manhã chegou e sua estrela no chão tinha virado pó. E foi levada com o vento.
Ele chorou.
Na outra lua, ele recebeu a visita daquela estrela da noite anterior.
Ela queria só sentir seu toque de novo.
E aquilo lhe fez bem.
Daí em diante ele passa quase todas as noites no céu, sendo impulsionado pela vontade.
Podemos encontrar ele de dia, deitado na sombra de sua arvorezinha.
Feliz e com uma estrela morta ao lado.
Lágrimas e brilhos furtivos é isso que ele tem agora.

domingo, 20 de junho de 2010

Brisas indesejáveis e 'nortes' pessoais

Começo meu dia olhando o céu.
Se ele estiver escuro, estou bem, se ele estiver claro, saberei que será um dia difícil de enfrentar até o fim.
Abro os olhos e não vejo ninguém. Imagino o porque do mundo ser visto em primeira pessoa.
É chato.
Queria poder observar em outros olhos.
Queria saber como eles veem o mundo.
E como conseguem engolí-lo.
Eu estou farto.
Não aguento mais sentir o peso disso tudo sobre mim e mesmo assim não tenho coragem.
Admiro e odeio os corajosos.
Eles esnobam ter conseguido o que sobrou de nós.
Eles sabem gesticular e falar.
Eu paro.
Observar, virou uma postura indesejável.
E ninguém consegue viver sem palavras.
Pelo menos, não eu.
Queria poder ditar a estes incautos sobre o poder da vida. Ou o poder de não conseguir viver como todos.
Queria poder gritar a todos que a loucura só vem da carência.
E que quando alguém se importa conosco, ou com nosso modo de vida, isso se chama felicidade, para todos nós.
Somos uma geração carente e precisamos, desta vez, de mais que um líder, ou porta-voz.
Precisamos de mais que apenas uma pessoa.
Precisamos nos entender e saber que isto, é desejável, mas vai sumir, como todo o resto.
E que o desejo, provém da necessidade.
E que talvez, o que queiramos, seja apenas uma necessidade, mal resolvida.
Esperamos por algo.
Espero por pessoas.
Que me adorem.
Ou finjam isto.
Espero, na verdade, não ter me tornado só mais um desses, podres egoístas.
E passam dias, como se fossem noites.
E elas se importam com meu jeito, minha fala, meu sentimento e ainda, minha roupa.
Queria que elas não tivessem medo disso.
Queria que elas se postassem de uma forma diferente da minha.
Sempre esperar.
Meu lema, sobre as pessoas.
Pórem difícil de executar, já que poucos sabem que você existe.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Euforias Momentâneas (Ou Apatia)

Ele tinha acabado de sair do bar.
Ele sentia o frio de perto e gostava disso.
Era noite, passava-se da metade dela.
Sono.
Bêbado.
Sono.
Cambaleava de um lado para outro, em zigue-zague distorcido e bem, mas muito bem, calmo.
Estava tudo tão vazio.
As ruas,
O céu sem estrelas,
Os carros estacionados,
O ar difícil de tragar,
O coração dele
E seu bolso.
Uma brutal descarga de responsabilidade é despejada em seu estômago.
Ele não tinha dinheiro nenhum.
Amanhã tinha que estar no escritório sujo e abarrotado de coisas e pessoas que se interessam demais pela merda de vida dele. Ás 8 da manhã.
Ele quase se desesperou.
Parou. Se apoiou na grade de entrada da seu kitnet.
Pensou,
Pensou,
Tentou resolver o problema. Mas ele nunca foi bom em resolução de problemas, muito menos os lógicos.
Era melhor entrar.
Dentro de seu quarto, ele continuava vendo tudo vazio.
Tão solitáriamente bagunçado.
Aquilo ali era muito ele.
Difícil tragar tanto ar cansado, usado e reusado pela mesma pessoa.
O quarto não tinha janelas.
Ele viu o chão e como se a bagunça lhe desse uma dica, ele pensou.
Podia pegar um ônibus lotado, na hora do rush matinal,saltar alguns pontos antes, e ir andando.
Ele só tinha uma passagem no seu cartão.
Economizaria a ida.
Foi durmir, pois já passava a primeira hora do dia.
No dia seguinte.
Sua cabeça doia.
Ele a tinha batido na parede algumas vezes durante o banho.
Fez isso pra tentar acordar, tentar parar de sonhar, tentar não querer mais do que seus braços podem alcançar.
Havia restos demais.
Haviam teorias de mais.
E tinha que correr.
Estava atrasado.
A hora do rush havia passado.
E ele só tinha como ir.
Era bom só ir.
Voltar, talvez não precisasse acontecer.
Amanhã talvez não precisasse mesmo existir.
E ele ainda teria que aprender a lidar com pessoas.
Era melhor se contentar com pouco.
E as surpresas boas só acontecem quando não se precisa mais delas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sobre corações acelerados

Tentei observar mais.
Tentei poder retirar daquilo algo poético, bonito, sublime.
Mas não havia nada além da boca seca.
Engolir a seco e esperar o ar chegar ao estômago.
Perceber o estômago vazio, com o ar rasgando suas paredes como asas de borboletas.
Os pulmões aceleram e você percebe sua pele se arrepiando.
No fim, é só o coração adiantando seu batimento.
Adiantando o passo, como se quisesse apenas passar, bater tantas vezes quanto foi programado para fazer e parar.
O coração rápido parece lhe fazer desesperado.
Você necessita que aquilo pare, e prefere pela primeira vez na sua (pouca) vida que o coração fique sem bater do que continuar batendo naquela velocidade.
O ar guiado pela velocidade dos pulmões, animados pelo batimento mais forte do coração, sai pela boca como energia.
Como vida, desejo, escolha, medo, misticidade, feromônio.
O ar envolve todos por perto.
É natural, apesar de parecer algo como crendice, mistério ou simples merda religiosa.
Acontece.
O corpo foi feito para sentir mais medo do sim do que do não.
O não é mais fácil e simples. Acostumável.
O sim requer muita coragem. Inimaginável.
Prefiro receber não. No fundo, eu desejo o não mais do que o sim.
Sou medroso.
E no fim não encontro nada de diferente e continuo tentando retirar algo sincero daquilo tudo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A lei acima da vida (ou Sinônimos)

Minha cama nunca mais desabou, tá tudo tão seguro e tedioso.
As noites parecem cada dia mais intensas. Encaro a noite não mais como uma crinaça, mas como um passeio na montanha russa. Onde você pode estar bem e tranquilo, para logo após entrar em estado puro de adrenalina.
Produzida por você mesmo.
Droga mais que natural, instintiva.
Sexta acaba e volto pra casa. Pro lugar que já foi tão reservado. Pro lugar em que eu não queria levar ninguém. E agora anseio por uma presença, pois o quarto parece maior e, consequentemente, mais vazio.
Gostaria de ter de volta tempos em que pude sentir o fluir da alegria. Da satisfação, ao menos físcia. E não posso mais.
Noite são como armadilhas. Te pegam desprevinido.
Sonhos quentes. Olhares ardentes e nenhuma verdadeira ação.
A cena se passa em um lugar vermelho, e que ali só se manifestava e sacramentava o desejo.
Eu estava mais próximo do que poderia.
Eu estava sentindo o contato com a pele dela.
Tentei evitar, mas fazia frio lá fora.
Era melhor se sentir quente. Mesmo por fora.
Queria alguém para forçar as estruturas.
Ela estava perto, ao alcance de minha voz.
Mas, pena, ela não poderia ouvir sussuros acanhados e tão baixos.
Só, pois não pude me comunicar bem.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um cigarro, depois de pequenos arrependimentos diários.

Ele, ela e um planeta a frente.
O universo sempre foi infinito, mas pra nós ele nunca passou de um bocado de terra.
Um monte de terra, unida por uma força estranha.
Atmosfera.
Atmosférico seria um momento que vc se sente junto da própria atmosfera?
Se deixando levar por tanta 'energia' circundante?
Era atmosférico e idiota ao mesmo tempo aquele momento.
Ele dizia que foi ótimo revê-la. E ao mesmo tempo pensava em seus seios.
Ela dizia que foi legal revê-lo. Felicidade contida. Ela pensava no abraço aconchegante dele.
Eles não diziam uma palavra que não fosse mais profunda que o universo, buscavam tudo que lhes fugisse à mente, exceto o que realmente queriam.
É sempre assim.
Nunca fomos realmente diretos, desde que nascemos e choramos por isso, por estar vivos. Aliviados?
Está no nosso inconsciente: se mentirmos pra agradar, seremos recompensados.
Mas erramos ao pensar que se mentirmos pra nós mesmos seremos recompensados por alguém que não seja nós mesmos.
E o corpo sabe disso.
E avisa-nos.
Com boca seca, coração forte, meio que implorando por uma atitude real e sincera.
E continuamos parados.
O que há de errado conosco?
Deixamos escapar por entre nossos dedos, bem na frente de nossos olhos, toda oportunidade que aparece instantaneamente.
E ainda arrumamos desculpas sinceras para isso.
Nada que convença seu corpo, que continua implorando pelo corpo dela.
E no fim a noite é fria.
Como todo resto dos dias.
Mas parece pior, pois um poderia estar se esquetando no outro, se alguém falasse algo sincero, sem medo, pudor, ou o que seja.
Noite, descepção e qualquer outra coisa que exiga você por inteiro, pede um pouco de fumaça, um pouco mais, apenas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O cheiro de terra molhada e o perfume nostálgico das flores

Eu sei que eu tinha uma rosa.
Ganhei de uma forma tão linda e merecida, que na hora eu pensei em nunca deixar aquela rosa morrer...
Eu a botei em um lindo vasinho, que comprei com algumas moedas que tinha achado pelo chão.
Todo dia de manhã eu acordava mais cedo que meus pais e enchia um copinho de água da torneira e ia regá-la.
Era tão lindo ver ela nascendo com aquela luz do amanhecer. Aquilo me dava forças para levantar e continuar andando.
Por incrível que pareça a rosa mudava de cor todo dia.
Havia dias que ela estava vermelha, tão forte que me lembrava o sangue. Ela ficava desta cor principalmente nos 2 primeiros anos de vida.
Outros dias ela estava azul. Serena. Parecendo que tinha o tempo inteiro a seu dispor. Ela geralmente ficava assim quando tinha 3 anos.
Mas depois de algum tempo ela foi ficando cinza.
E o amanhecer não parecia mais tão bonito assim.
Passei a acordar tarde, passei a não ter mais vontade de acordar, passei a sair de casa sem nem mais olhar minha linda rosinha.
Fui viver minha vida, tentar ser independente, tentar não me prender a nada.
Sai da casa de meus pais, aluguei um quartinho.
Levei a rosa.
Ela parecia ter voltado a cor vermelha.
Mas algumas pétalas pareciam azuis demais.
A rosa me fitava com ódio. Com olhar de reprovação. Parecia dizer que eu estava acabando com tudo.
Ela precisava de mim.
Eu adorava ela, e toda aquela sensação de segunda de manhã ensolarada e que não tinhamos nada mais grave a fazer do que ir assistir algumas aulas de ciências.
Um dia desses me lembrei de como eu almejava por uma flor dessas, quando nunca tinha tido nenhuma.
Eu chegava a sonhar.
Mas não imaginava que teria que me dedicar tanto assim.
Não imaginava que ela podia ser tão frágil.
Não imaginava que eu teria que escolher tantas coisas assim.
Eu não queria mais nada que exigisse mais de mim do que eu mesmo.
Pensei em deixar a rosa sobreviver sozinha por um tempo.
E deixei.
Não deu certo. Ela estava murcha e amarronzada com menos de uma semana. Ela me fitava com olhos de ressaca. Como se aquele tempo que eu dei para ela tentar sobreviver sem qualquer ajuda minha fosse tempo demais.
Pude perceber que ela precisava de mim. De verdade.
E eu queria ser capaz de mantê-la viva.
Queria ver ela brilhando. Vermelha. Ou azul. Tanto faz.
Eu precisava dela pelas manhãs.
Voltei a regá-la.
Agradecida, ela se esforçou e conseguiu se virar melhor sozinha.
De noite eu chegava em casa e ela estava bem. Rosinha. Não vermelha. Mas bem.
E eu passava a noite conversando com ela.
Mas de manhã eu havia adormecido.
E sem as manhãs, me perdi novamente.
Até que um dia, vi uma floresta linda no meu quintal.
Havia tantas rosas. Tantas precisando de um pouco de atenção, ou até de um carinho.
Senti vontade de trazé-las todas para casa.
Eu queria ser um floricultor.
E haviam mais que rosas. Haviam flores que de tão exóticas e misteriosas, soltavam um perfume que me remetia áquelas mesmas manhãs que passei com minha primeira rosa.
Minha rosa, foi vendo outras flores por perto. Foi voltando a ficar cinza.
Aquilo me deixava triste.
Eu queria que ela me deixasse estudar outras flores.
Queria ter mais do que uma flor na vida.
Mas eu quis demais.
E minha rosa morreu numa tarde de domingo.
E foi desesperador aquele momento. Eu sabia que logo, logo iria amanhecer e seria segunda e eu não teria mais nada além da lembrança da minha primeira rosa.
E depois dela. Nada, nenhuma rosa me fez tanto querer levantar e enfrentar a manhã da segunda feira, como ela tinha feito.
Juntei todas as flores que havia acumulado. Inclusive o vasinho vazio da minha primeira rosa.
Deixei todas elas na janela da minha casa e me retirei para meu quarto.
Nunca mais quis ver uma flor.
Nunca mais consegui sair do meu quarto, pois sabia que o primeiro cheiro que me viria às narinas seria o cheiro de terra molhada e o perfume nostálgico das flores.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sobre vontades quentes e ignoradas

Hoje, enchi meu próprio balde de verdades e resolvi jogar pela janela.
O balde tinha uma aparência meio pertubadora, ele era transparente e deixava vazar todo conteúdo de mentiras sinceras contadas por alguém que anda confuso com a verdade.
Seria verdade a vontade?
Seria a verdade o certo a se fazer?
E vontade eu tinha, na verdade o balde estava até a boca cheio de vontades não postas em pratica.
E por isso eu resolvi encher este balde e jogá-lo pela janela.
Quem sabe não caia na cabeça de alguém que se interesse por uma dessas vontades?
É meio suicida, eu sei.
Me expunho demais.
Mas é a única coisa a se fazer.
Joguei.
E todas aquelas vontades simplesmente escorriam pelas paredes do prédio.
Grudando em tudo.
Nem sequer uma gota daquilo chegou ao chão.
Ficou grudado na parede do meu prédio, para todo mundo ver, olhar, admirar e não poder tocar.
Essa não foi a primeira tentativa de atirar minhas vontades ao mundo. E falhou novamente.
Acho que as pessoas em geral ignoram coisas sinceras demais.
Pode ser perigoso né?
A vontade é algo tão cru e quente...
Que se ingerido com pressa deve fazer mal.
Mas te juro que se eu tivesse uma vontade pegando fogo na minha frente agora, eu não teria medo de me machucar.
Satisfazer alguém, apenas pela vontade, pode ser recompensador.
Agora, prefiro um cigarro e vou apagá-lo nas minhas vontades, agora grudadas, no parapeito da janela.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O entendiante e destruidor passar dos dias

Estou me tornando velho.
Intenso nem é mais meu respirar.

Fraca vontade.
Me deixo vencer pelas facilidades.

Não pareço mais
Aquele garoto.

Me vejo conformado.
Me sinto ludibriado.

Onde foi parar os 100%?
Onde fui enterrar meu coração?

Paixão,
Volta.

Sagitarius A

"Quando olhamos para Sagitário estamos observando diretamente o centro da Via Láctea."


"O centro galáctico é um lugar bastante tumultuado."


"No centro da Galáxia existe uma intensa fonte de emissão eletromagnética, chamada Sagitarius A."


"A densidade central do núcleo galáctico era muito mais alta que a de algum aglomerado estelar


"A atração gravitacional era tão intensa que os pesquisadores deduziram que a única possibilidade para tamanha atração era a existência de um buraco negro supermassivo no centro da Galáxia"





Finalmente pude ver algo de verdadeiro no horóscopo.


http://www.apolo11.com/spacenews.php?posic=dat_20100602-085541.inc

terça-feira, 1 de junho de 2010

O envelhecer do dia

O vento corta o céu azul
Do mesmo modo,
O sangue corta minhas veias.

O pulsar parece fraco.
Meu olhar, já não causa tanto estrago.

Meu desejo esmoerece.
Os dias parecem mais lentos.

Não consigo sentir a vivacidade
A juventude me é tirada
Através do vento que
Corta minha pele,
Levando lembranças
E convicções.

Hoje me vendo por
Mais barato que ontem
E talvez
Mais caro que amanhã.