quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sobre corações acelerados

Tentei observar mais.
Tentei poder retirar daquilo algo poético, bonito, sublime.
Mas não havia nada além da boca seca.
Engolir a seco e esperar o ar chegar ao estômago.
Perceber o estômago vazio, com o ar rasgando suas paredes como asas de borboletas.
Os pulmões aceleram e você percebe sua pele se arrepiando.
No fim, é só o coração adiantando seu batimento.
Adiantando o passo, como se quisesse apenas passar, bater tantas vezes quanto foi programado para fazer e parar.
O coração rápido parece lhe fazer desesperado.
Você necessita que aquilo pare, e prefere pela primeira vez na sua (pouca) vida que o coração fique sem bater do que continuar batendo naquela velocidade.
O ar guiado pela velocidade dos pulmões, animados pelo batimento mais forte do coração, sai pela boca como energia.
Como vida, desejo, escolha, medo, misticidade, feromônio.
O ar envolve todos por perto.
É natural, apesar de parecer algo como crendice, mistério ou simples merda religiosa.
Acontece.
O corpo foi feito para sentir mais medo do sim do que do não.
O não é mais fácil e simples. Acostumável.
O sim requer muita coragem. Inimaginável.
Prefiro receber não. No fundo, eu desejo o não mais do que o sim.
Sou medroso.
E no fim não encontro nada de diferente e continuo tentando retirar algo sincero daquilo tudo.

Um comentário:

Lúcia Neco disse...

eu realmente acho que você deveria escrever algo mais longo, você tem um estilo muito romancista.
Já pensou nisso?