segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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queomundopodemudartambém

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nadamudaosonhomuda.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

12 balas doces de sabor randômico na boca de 12 pessoas aleatórias

Ela simplesmente dormiu em meus braços, como se nada tivesse acontecido.
Se sentia segura e se deixava entregar ao mais incerto dos planos, o mundo dos sonhos, mesmo em meus braços.
Braços estes, que ela dizia trazer o maior aconchego que já havia sentido.
Mais cedo, estes mesmos braços, em que a delicada cabeça dela repousa agora, se estenderam à frente, segurando um embrulho vermelho brilhante, com um laço rosa, especialmente decorado para a satisfação visual e a expectativa emocional de precisar sempre ver empenho na demonstração de amor do outro.
E entreguei a ela.
Recebeu com um sorisso feliz, satisfeito, quase servil.
Desatou o laço que deslizou no embrulho, caindo.
Desembrulhou e antes de poder analisar direito o que acabara de ganhar, pulou em meus braços, me abraçando o pescoço fortemente, deixando o pacote cair, pra depois se desculpar, pegando-o rapidamente no chão, rasgando o papel de presente que embrulhava juntamente com a embalagem do que havia ganho, onde lia-se '12 balas doces de sabor randômico'.
Pegou um exemplar destes balas e ao invés de pôr na sua própria boca, olhou para o lado e deu a um amigo, que se encontrava sentado bem ao nosso lado, numa roda de amigos, 12 pessoas.
E depois lhe deu um beijo.
Aquelas pessoas se analisavam e refletiam sob uma lua cheia de outono, numa praia onde sentia-se o cheiro de vontades e desejos complicados de se realizar.
Mas a maioria das coisas complicadas podem ser resolvidas com uma palavra, ou simplesmente uma vírgula.
E foi o que ela nos deu, naquele momento.
A cada vírgula de sua fala sem sentido e perdida no ar, ela depositava em nossas bocas uma bala e um doce beijo naturalmente e equalitariamente intenso.
Deixou-me por penúltimo me dando a bala e me beijando da mesma forma de todos os outros
Me pediu um beijo depois de degustar sua última bala da caixa.
Feliz, ela me olhava com ternura e serenidade, como se aquilo fosse tão normal e fizesse tão bem quanto algumas drogas que usamos, pouco antes de dormir.
Todos se olhavam e depois deste ato, passaram a agir mais sinceramente, com eles próprios.
E eu ainda a tinha dormindo em meus braços, enquanto a lua sumia e o céu se coloria.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Casa Branca Perfumada e o Mar (Ou Alegoria para confiança II)

Ele sorria pela manhã, com a barba sempre bem feita, cabelos longos e encaracolados, soltos e bem lavados.
Ele vestia boas roupas, boas marcas e usava os melhores perfumes, com aromas que duravam até à tardinha, na hora que ele voltava do trabalho.
Eu lembro dele escovando os dentes, olhando fixamente e confiantemente naquele espelhinho que abria e ficava embutido na parede, enquanto eu ainda andava pela casa, sonso de sono, sentindo seu perfume e o cheirinho do café que vinha da cozinha.
Ele não seguia nenhum ritual, nem acreditava em deus, ao menos não tanto e nem perdia seu tempo entoando cânticos de proteção, naquela época nem ele, nem eu precisavámos de mais proteção que aquela casa branca.
Ele mostrava confiança, seu olhar parecia sempre dizer para seguir em frente.
E eu sempre tinha muita vontade de abraçar ele.
Ele me segurava pela cintura e me levantava bem alto, na altura do seu olhar e me olhava fixamente nos olhos, passando sua sabedoria de uma barba (que fazia falta) apenas pelo olhar.
Um dia, ele me levou pra praia, com todos os primos.
Ele me levava pela mão e ao chegar no mar, me pôs em seus ombros, foi andando como se seu corpo não estivesse imerso. Em seus braços, seguravam os outros meninos e meninas que eram puxados, mar a dentro.
Chegamos num arrecife e ele me pôs lá em cima. Era alto, um pouco mais alto de que a cabeça dele (que era a única parte de seu corpo que continuava para fora d'água).
Os outros meninos e meninas subiram escalando.
Só havia ele mesmo na água em baixo e ele foi pedindo pra cada um pular.
Me deixou por último.
Olhou no meu olho e fez um gesto com os braços abertos me chamando como para um abraço.
Seu rosto não era tão confiante naquele dia.
Parecia que esperava e sentia tudo que poderia vir a acontecer.
Parecia entender que tudo mudaria e aos poucos ficaria cada vez mais difícil acreditar nas possibilidades, acreditar na incerteza, na falta de explicações, no não-seguro, no liberto.
Ele me via como uma insegurança. Não podia controlar, e mesmo assim queria que eu pulasse.
Pulei e vi as mãos dele cercando e seguindo minha cintura no ar.
Estava feliz, ele iria me segurar e tudo ia acabar bem, como numa outra manhã qualquer.
Mas me enganei, ele apenas acompanhou minha queda direto na água salgada do mar, com os braços por perto, mas sem tocar em mim.
Fiquei submerso. Senti o frio, o gelado, o sal da água.
Me puxou e atrás daquela cortininha de água que caia sobre meus olhos, vi os olhos dele, sorrindo. Sorriso de orgulho, orgulho de poder tirar de mim a felicidade de não esperar nada.
E O gosto salgado me vêm a boca toda vez que penso em confiança. Ou no passado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Segurar e Soltar (ou Alegoria Para Confiança I)

Existem duas coisas que, do fundo da minha alma, queria fazer com você antes de o dia não existir mais.
E por ser você, e por ser agora, e por ser apenas mais um inspirar fraco e senil, seriam dois dos melhores momentos de nossas vidas.
E vai parecer que desde o dia que conseguimos enxergar o mundo, nossos olhos clamavam pela facilidade daqueles momentos, e que depois, eles e todos os outros orgãos, (que de alguma maneira se modificam ao sinal de qualquer sentimento forte demais, como quando perto de alguém desejável demais para não dar um 'oi' e que o estômago esfria subitamente) do nosso corpo palpável pudesse simplesmente morrer depois daquilo.
E o tempo, as horas e o resto do perceptível temporal, estariam finalmente em ordem, e não mais passariam tão angustiamente devagar, como em dias difíceis de terminar, ou descepcionantemente rápidos, como em dias que deixaram de existir pela possibilidade de algo bom no horizonte próximo.
O toque de nossas peles, somente naquele momento, dará a perceber que a minha pele e a sua são apenas continuações lógicas e suaves uma da outra, vai ser fácil tocar e ser tocado.
O oxigênio que for inspirado será puro e parecerá mágico, como uma droga perfeita que nos dará confiança, segurança, compaixão, sensibilidade e principalmente serenidade.
Primeiro gostaria de dormir com você e sentir sua presença próxima, mais próxima até que antes. Fazendo meu corpo perceber o toque suave da sua áurea e entendendo quase tudo que você resolveu um dia chamar de 'eu'.
E depois, gostaria de acordar bem cedo, alguns minutos antes de você e quando abrir meus olhos poder ter a grande e perfeita surpresa de ter seu rosto coberto pela inocência pura, perigosa e insegura de um sonho, bem na minha frente.
E poder absorver destas cenas a sintése verdadeira e lógica da única razão para continuar acreditando no ser humano: a imagem de seus olhos fechados e quase totalmente confiantes em mim, que dormi ao seu lado.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

E se eu deixasse de sorrir, você iria prefirir?

Não, porque, o que é clichê?
Se não o que se faz ter a impressão de não, isso não deveria reexistir.

Mas faz sorrir.
E parece cooexistir conosco, de novo.

Sobre o vento,
existiu o tormento de estar aqui e poder, de novo sorrir?

Seria o vento clichê?
Ou então o porquê de tantas 'faltas de não'.

Ou então,
Seus olhos parecem cansar e chorar?

E mesmo sentindo,
No ar, prefiriu não cooperar e deixar morrer, todo clichê.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O vazio molhado dos olhos dele

Me olhou com firmeza.
Certeza tinha,
De que o mundo definharia.

Se antes regojizava-se
Da alegria.
Hoje, ele só dormia.

Sobre as ruas,
Andava com cuidado.
Chegava a ver um ou outro buraco.

Seus olhos miravam o chão.
Não queria mais brincar, então.

Prefiriu contemplar,
Se esqueceu de sonhar.

E a água no seu olhar
Me cobria de razão.
Por ter feito dele são.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ode ao amor livre (ou Amém)

Sintetizou a tal póeira cósmica e mágica, e sorriu.

Mas o mundo não foi feito pra ti, Rosa.

Nem pra se olhar, nem pra se soltar.

E, mesmo sabendo que sempre haverá alguém pensando nele (e que quanto mais pessoas ele conhecer e cativar menos chances tem de se sentir só), conhece poucas pessoas e prefere o limite de correr o risco, apenas.

Mas se ele deixar o vento e o reflexo da água na parede simplesmente existirem sem precisar de porquês ou 'praquês'...

E deixar as flores o tocarem...

Deixar as frutas o deliciarem...

Vai preferir as frutas, por necessidade fisiológica mesmo.

Mas se ele deixar...

Os outros não vão mais falar-lhe sobre limitações e outras contradições exdrúxulas...

Fim (ou Amém)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estudo sobre a capacidade de lotação (ou A quantidade de lugares vagos) do meu coração

Sobre a infância e os choros sem nenhum motivo aparente, posso dizer que usei. Tudo que fingi aprender na escola, no colégio e na vida sem nenhum perigo real, eu usei.
E hoje posso ver com mais clareza as lógicas e armadilhas desse caminho tortuoso em direção à morte.
E só posso falar com certeza, que o maior mal do homem é a tão cultuada Relação interpessoal.
Eu me entendo, sei de onde venho e de onde surgiram minhas fartas convicções. Sei o que é realmente certo e que o errado torna-se nulo para alguém de coração puro.
Mas conheço alguém, ou 'alguens' que me fazem chorar. Com lágrimas sinceras. E que mudam como um raio a minha vida e minha visão parca de mundo.
Vivo, sonho e espero tudo dessa frágil e solitária pessoa, antes citada como alguém, ou 'alguens'.
Meu mundo desmorona e eu esqueço, como num piscar de olhos, minhas antes fartas convicções por um simples motivo: agradar de todas as formas, este alguém que adentrou como um automóvel desgovernado em minha vida.
Tornar o mundo num paraíso eterno para esta pessoa, ou para estas pessoas.
E quando perto, como numa loucura sem sanidade alguma aparente, esse alguém (ou 'alguens') simplesmente deixa de existir, existindo, em minha vida.
O ar fica mais raro. E os sonhos se tornam meros detalhes acidentais de uma vida louca.
Sobra espaço num local antes lotado. Meu coração.
E, apesar de ter usado todo meu conhecimento infantil, vejo meu coração, e neurônios responsáveis pelas partes emocionais do cérebro, despedaçados.