quinta-feira, 26 de agosto de 2010

12 balas doces de sabor randômico na boca de 12 pessoas aleatórias

Ela simplesmente dormiu em meus braços, como se nada tivesse acontecido.
Se sentia segura e se deixava entregar ao mais incerto dos planos, o mundo dos sonhos, mesmo em meus braços.
Braços estes, que ela dizia trazer o maior aconchego que já havia sentido.
Mais cedo, estes mesmos braços, em que a delicada cabeça dela repousa agora, se estenderam à frente, segurando um embrulho vermelho brilhante, com um laço rosa, especialmente decorado para a satisfação visual e a expectativa emocional de precisar sempre ver empenho na demonstração de amor do outro.
E entreguei a ela.
Recebeu com um sorisso feliz, satisfeito, quase servil.
Desatou o laço que deslizou no embrulho, caindo.
Desembrulhou e antes de poder analisar direito o que acabara de ganhar, pulou em meus braços, me abraçando o pescoço fortemente, deixando o pacote cair, pra depois se desculpar, pegando-o rapidamente no chão, rasgando o papel de presente que embrulhava juntamente com a embalagem do que havia ganho, onde lia-se '12 balas doces de sabor randômico'.
Pegou um exemplar destes balas e ao invés de pôr na sua própria boca, olhou para o lado e deu a um amigo, que se encontrava sentado bem ao nosso lado, numa roda de amigos, 12 pessoas.
E depois lhe deu um beijo.
Aquelas pessoas se analisavam e refletiam sob uma lua cheia de outono, numa praia onde sentia-se o cheiro de vontades e desejos complicados de se realizar.
Mas a maioria das coisas complicadas podem ser resolvidas com uma palavra, ou simplesmente uma vírgula.
E foi o que ela nos deu, naquele momento.
A cada vírgula de sua fala sem sentido e perdida no ar, ela depositava em nossas bocas uma bala e um doce beijo naturalmente e equalitariamente intenso.
Deixou-me por penúltimo me dando a bala e me beijando da mesma forma de todos os outros
Me pediu um beijo depois de degustar sua última bala da caixa.
Feliz, ela me olhava com ternura e serenidade, como se aquilo fosse tão normal e fizesse tão bem quanto algumas drogas que usamos, pouco antes de dormir.
Todos se olhavam e depois deste ato, passaram a agir mais sinceramente, com eles próprios.
E eu ainda a tinha dormindo em meus braços, enquanto a lua sumia e o céu se coloria.

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