sábado, 18 de dezembro de 2010

Analógica

Sinto
E você é tão...
Lar.

Almejo
Apenas
Te encontrar.

E, sim,
Saberei
Que
Encontrei...

Um lugar
Onde ancorar
Minhas pernas,
meus braços.

E não precisarei mais navegar
Em busca de qualquer outro lugar.

Pois aqui
Me senti
Completamente
Protegido.

E, mesmo ferido,
Sei que não passa de um brilho
Que quero pra sempre guardar.

E o calor me protegerá
De qualquer frio
(na barriga)
De agora ou outrora.

Pois te amo
E ao seu lado
Me sinto...

Tanto.
Sem pranto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Corações, Caixas e Trogloditas

Era um dia frio, a chuva caia e eu estava sentado na escada do colégio escrevendo aquele velho diário que me ajudava a ser eu mesmo.
E naqueles dias, naquelas últimas 10 ou 20 páginas, só haviam palavras sobre ela.
Sobre o vento que batia nos seus cabelos pretos e os fazia voar sobre seu rosto, escondendo seu olhar e alisando seus lábios.
Sobre o modo como a farda lhe caia perfeitamente bem, como que um tecido de seda.
Sobre como o ar a sua volta parecia bem mais perfumado.
No caderno, também haviam desenhos.
Corações e caixas.
Nas caixas eu me encontrava, sempre com medo do que podia encontrar fora delas.
Nos corações, apenas ela.
Enquanto escrevia e desenhava. A olhava a alguns metros de distância.
A via feliz, sorridente. Rodeada de amigas, tão ou mais bonitas que ela.
E via também vários pretendentes. Que, diferente de mim, tinham mais coragem.
E iriam falar com ela, cara a cara.
Por um momento eu quis ser como eles.
Mas sempre acabava da mesma forma.
Ela lhes dava a chance e eles lhe davam lágrimas em troca.
Eu não conseguia entender porque ela não aprendia.
Porque ela não examinava e percebia que meninos corajosos demais, fortes demais, bonitos demais ou perfeitos demais, não se preocupavam com ela e sim com eles próprios?
Porque ela se deixava ser acalentada por outro quase igual ao que acabara de magoá-la?
Eu não entendia e passei anos a estudar isso.
Resolvi um dia perguntar.
Sim, eu a amava, mas não iria me declarar, iria simplesmente perguntar o porque ela gostava de sofrer sempre os mesmos pesares, só para estar com um deles.
Juntei todo o resto da minha coragem e fui, firme e determinado.
Ao chegar nela ela olha nos meus óculos e me dá um sorriso amarelo, olha para o lado e acena com o braço.
Um daqueles trogloditas, o atual, vem e sem falar nada me dá um soco no rosto.
Depois a agarra pela cintura e olhando com desprezo para o chão, onde eu me encontrava, me diz apenas:
- Tá maluco idiota? Vai querer falar com a minha menina?
Olha pra ela e lhe dá um beijo, aperta ela com força na cintura e saem caçoando de mim.
Apanho meus óculos quebrados, ponho no rosto e levanto, entendendo um pouco mais sobre aquela relação doentia.
Ela precisava se sentir protegida.
Ele precisava marcar seu território.
Enquanto eu só precisava de amor.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Utopia do amor imor(t)al

Eu quero que nenhum amor morra,
Suma ou se desfaça.
Eu quero que nenhum amor morra,
Não finja, nem disfarça.

Não quero feridas,
corações partidos
Ou mágoas.

Quero você aqui
Exatamente onde
Meu sentimento deságua.

Não quero que o amor morra
Ou seja pouco louvável.
Não quero que o amor morra
Eu prefiro o infindável.

Choro por novos olhares,
Eles se revelam, intimidade.

E nos becos sórdidos,
Achei o óbvio:
Isto foi longe demais do lógico.