quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sobre o fim do mundo e as histerias coletivas

Porque todos de repente se preocupam com algum fato irrelevante e geralmente ilusório? Porque se desesperam a ponto de perderem o controle de suas vidas e rotinas pífias e sem graça? Porque desejam e as vezes lutam por vitórias enganosas e por vezes autodestrutiva?
Temos mesmo um instinto totalmente suicida? Realmente acreditamos que nada pode ser pior do que continuar a viver exatamente da mesmíssima maneira pelos próximos 10, 15, 20, 25 anos? E chega a ser injusto, então, ser, ter, parecer, encenar, algo que não é, não tem e não vive?
Uma saída razoável e bem plausível seria a de algo maior existir.
E se algo maior resiste, um dia passamos a nos sentir impotentes, fracos, pequenos. Sentimentos mesquinhos demais para a natureza humana, natureza essa, obviamente, selvagem e violenta.
A melhor resposta seria o silêncio. O vazio. O não. O fim, enfim.
E o fim, finalmente, atrai e fala sobre a que veio, ou ao que virá, ou, ainda, ao que deveria findar.
Amamos a impotência, pois já acreditamos e nos adequamos a não se incluir, a sermos inferiores, ou pelo menos, sempre nos ensinaram isso, nas escolas e jantares em família.
Deixamos-nos ficar por baixo e nunca gritar. Pois é mais fácil assim.
Porém alguém, alguma hora, tem que sempre citar uma antiga profecia, ou uma antiga crença que insiste em nos dizer aquilo exatamente que queríamos ouvir: O mundo vai acabar no dia 21 às 21 horas, pois simplesmente encerrou-se mais um ciclo, ciclo este que é sucessor do que detonou toda a vida dos dinossauros, os todos-poderosos, antes da gente, antes de deus.
Seria como uma salvação às avessas. Pois já nos acostumamos a estar por baixo, mas imaginar um governador, um estadista, um presidente, um rei ou um papa ficar por baixo e sofrer, por alguns instantes que sejam, como nós sempre sofremos, sofrer mais até por ver seu ter se perder, isso, sim, seria um sonho e uma retaliação à nosso ser ou haver interior.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

E então, o marasmo...

E quando mais quis,
Sucedeu-se o nada.

E quando provou, quis
Um pouco mais, um bis.

E ao tentar ultrapassar
A si mesmo, como fiz,

Se esbarrar no marasmo,
Que por acaso, nada lhe diz...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Todos os homens merecem respeito e silêncio, ao morrer.

De repente a visão escureceu e o funcionário caiu, desacordado em seu trajeto diário e monótono de vinda ao trabalho, ao laboro.
Só deu tempo de ver a carreta desgovernada (ou governada pela mão do destino) e de sentir o aperto do maior abraço que já recebeu, sentiu como se seu pai o abraçasse e chorando, depositasse dentro dele todo o orgulho que existe no mundo.
O aperto o esmagou. Era a carreta que havia tombado, ou passado por cima de seu corpo que agora falece, desacordado e sem visão no asfalto.
Seu sonho era saber. Sua maior vontade era conhecer e versar sobre tudo.
Morreu esquecendo de aprender que o ápice da vida era a morte. E que nada dura muito tempo.
Foi bom e fez sua parte.
Morreu digno.
Mas faleceu sem luto.
O trabalho continuou e seus colegas choraram sua morte, mas seu chefe não fechou as portas e manteve rédeas curtas sob estas lágrimas.
Chore e trabalhe, atenda e sorria.
"O que vamos fazer com suas demandas?
E agora?"
E agora, ele morreu e todo dinheiro do mundo não pôde salvá-lo.
Assim como não vai salvar nem seus colegas, nem seus parentes e nem seus chefes.
Que mesmo sentindo orgulho dele, continuaram e não lhe deram nem um dia, seu pensamento completo.
Descanse em paz,
Davi.
E saiba que sua semente está crescendo, aqui e em todo lugar por onde pisou.
Todos os homens merecem respeito e silêncio, ao morrer.

12.07.2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Começo do Inverno (Ou aquele dia em que o nó na garganta dá significado a palavra amor)

Vinte e um de junho.
Sempre confundido como o dia da noite mais longa.
O dia em que o frio toma conta e finalmente nos leva a olhar pra dentro.
Aquela velha máxima de que em dias mais frios nos tornamos mais introspectivos, mais sensíveis.
Eu, sempre preferi o frio e sim, você sabe.
Por isso e por você.
Pelo inverno. Pelo ar diferente, pela questão diferente.
E especialmente pelo amor.
Aquele velho mistério (talvez o mais velho do mundo), o amor.
E o que o amor tem haver com o frio?
Seria apenas porque no frio ficamos mais próximos, pra nos aquecer e acabamos por vezes nos aproximando mais do que fisicamente?
Será por causa daquele dia em que a menina que você amava na época lhe chamou pra dividir a proteção de seu guarda-chuva, naquela tempestade que caiu durante o caminho para a escola?
Ou será que é porque este dia sempre foi marcado por uma comemoração?
E sempre fui levado por esta confusão.
O inverno, que por muitos sempre foi amaldiçoado, por mim, e por nós sempre foi comemorado.
Era dia de alegria, não daquela alegria chata e monótona de verão. Mas da alegria de inverno. Alegria de frio, também conhecida como amor.
Lembrada como aquele abraço, molhado por lágrimas.
Lembrada como aquele choro no colo e o desespero característico de quem nunca soube realmente se acostumar com a levada frenética e ainda desconhecida da vida.
E venerada por aquele que era acalentado, aquele que era acalmado da forma mais funcional possível.
Venerada, como mãe.
Venerada como dona do inverno.
Como a única que consegue tirar os nós de minha garganta e me fazer falar, sorrir e chorar de verdade.
Venerada como santa.
Na verdade a única santa que conheci.
Venerada como muito mais que um exemplo, pois exemplos não amam.
E amor não é exemplo, é sentimento.

Vinte e dois de julho, segundo dia de inverno e começo do meu eterno lamento por nunca conseguir traduzir exatamente aquilo que gostaria de lhe declarar.
Por incapacidade de poder descrever e escrever perfeitamente sobre o amor.

Eu te amo Inverno.
Eu te amo Frio.
Eu te amo Amor.
Eu te amo Amiga.
Eu te amo Mãe.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carta ao passado (ou Carta a amigo)

Eu lembro daquele dia como um sonho... Daqueles que parece tão real que é fantasioso. Etéreo, molhado, sujo e que acabou por lavar, uma ou duas almas.
Sai leve e realizado.
Sabe, acabo por imaginar que alguns dias nesses anos vividos intensamente marcaram por completo nossas vidas, e ditaram todos os outros dias que iriam por vir.
Tudo, a cada dia que se passa, parece menos coincidência. Tenho certeza que o que aconteceu, tinha que acontecer e o que virá a acontecer terá que existir, aqui, em mim, em você, em todos nós que nos cercamos por um único deus, que guiou nossas vidas e sempre guiará, o deus-eu (conhecido também como o deus-vontade).
Você me inspira, a Você me excita me inspira, as nossas vidas me inspiram.
Espero nunca perder aquela centelha, aquele foguinho que fazia tudo girar e ainda faz.
Foi dele, deste fogo, desta tentativa de delícia, que nasceu Marcel, Mariano e irá nascer muitos outros.
Que já vieram com algumas pequenas missões, sendo a maior delas mudar o mundo.
Sabe, agora posso dizer que sou feliz, por ter vivido e percebido que nada é por simples acaso. E que realmente todas as nossas pequenas decisões e fugas, e palavras e atos, acabaram por direcionar nossos caminhos, que acabarão de qualquer forma num abismo, escuro e solitário, mas até chegar nele, mexeremos, chocaremos e nos mostraremos ao mundo, de uma forma ou de outra.
Te amo e amo nosso caminho.
Agora vejo que poderemos ser amigos, talvez amigos de verdade, com mais calma, com mais tempo e com certeza, com um pouco menos de agonia, pouco menos de segredos e quase nenhum medo.
Espero te ver e sentar por aí em alguma reitoria ou um parque confortável, ouvir uma ou duas músicas que nos marcaram, acender aquele velho cigarro e dormir com o coração bem menos apertado.
Tendo certeza que o amanhã vai ser. Simplesmente ser, como sempre foi.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Poema para Marcel

Advindo de Marte
Ou de qualquer lugar a alguns anos-vidas-luz daqui,
Ele chega.

E vem sem nada, nu.
Despretensioso
E sem consciência.

Vem inocente, puro
E calmo de verdade.

Feliz,
Por não conhecer a felicidade.

Vem morno.

Nem quente,
Nem frio,
Vem vazio.

Olha porque tem olho,
Cheira porque tem cheiro,
Chora porque tem hora.

Hora pra respirar,
Hora pra olhar.

E agora,
Não tem mais toca.

Mas toca
E se entoca
Onde for mais quentinho,
Apesar de amar tocar o chão frio.

E aprende,
Sente,
Nunca mente.

Nem tem mente!
Pode ser descrente
E não acreditar em ninguém,
Além da gente.

Gente que acolhe.
Ah, como o coração encolhe.

Rei torto,
Rei louco.

Prícipe cego,
que ganha mais de um olho.

E prefere gritar,
Chupar.

Cantar o canto do vivo.

Aquele que não precisa de trigo.

Só leite
E alguém que o ajeite.

Amor em forma de gente,
Pequeno ser regente,
És meu trilho,
És meu filho.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Poema Cotidiano

E...
aquela velha figura, rota e suja
desenhada em forma de luta,
Aquele tipo turrão,
cimento, tinta e sangue na mão,
típico trabalhador brasileiro
pensando em sexo, cerveja e terreiro.
acordado desde às quatro,
o cheiro do café ecoa em seu barraco,
antes de galos canterem
e quaisquer sóis raiarem,
já está de pé,
coa seu café,
no ônibus pro trabalho
sem nem imaginar,
acaba por me inspirar.