segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Dez-outro

Eis o chamado,
Aquela voz que você tanto esperava.
Eis o achado, e a descoberta do outro.
Quem tem empatia, tá triste.
E minto ao dizer que és egoísta.
Parece mais cego, surdo, mudo e
sem memória.

Eis a força que pediste.
Pra mim, clama por execução.
Executar não pessoas, mas ideias.
Ideais, você lembra disso?

Nada morre, só renasce e recicla.
Ah, o ciclo.
Mas passa e se tentarem fechar nossa via
Vamos escavar outra e mais outra,
Até que vire trincheira.

Mas fale, fale e se escute.
Escute e execute
O que sua consciência,
seu coração, seu pulmão.
Sua essência!
Vai aprovar?

terça-feira, 12 de junho de 2018

Amarelo

Ás vezes você dá a sorte de encontrar um passarinho, daqueles bem amarelinhos.
Ele tá com as asas quebradas e parece que sofreu tanto...
Você tem suas vivências e depois de tanto tempo nem acreditava que ainda dava pra encontrar tanta esperança num bichinho.
Ele não voa, mas quer voar e você, não quer mais perdê-lo.
Ele te conforta, ele te faz bem, mas ele não voa.
Você acha que só de ele estar ali vai te fazer bem, e assim você o impede de voar, diz que suas asas nunca mais vão se curar.
Ele acredita nisso e fica mal.
Ele quer voar, ele precisa sair e explorar.
Ele te trás amor, ele é amor e diz que mesmo se voasse iria voltar, sempre.
Você já perdeu alguns passarinhos, verdes, vermelhos. Mas um amarelinho assim, você nunca tinha visto.
De repente, ele volta a voar e te circunda.
Mas lembra de quem cortou suas asas e tem medo.
O medo.
Você tem medo.
Ele tem medo.
O medo toma forma, impede de voar, impede de amar.
Ele mora dentro de você, mas tá tão longe.
Você só queria tocar, só queria amar e queria que ele soubesse que suas asas, você nunca iria cortar.
Mas pior que cortar é aprisionar.
Por medo de não voltar, você cria uma gaiola dentro de você mesmo, pra ele, pra aquele lindo passarinho amarelo.
Mas ele desbota, ele chora.
Ele precisa voar.
E agora, você entende que de nada adianta achar e não deixar brilhar.
Você abre a gaiola e dói, como nunca doeu antes.
Mas ele voa e voa e voa e brilha e entoa:
'Sou amor e nunca viverei plenamente sem esse sabor.
Me deixa voar, me deixa ser quem eu sou e pra ti só vou te dar de volta minha cor.
Amarelo. Vivo. Forte e cativo.'
Ele vai embora, mas volta, todo dia e todo dia te trás uma nova alegria.
Solta e deixa voar.
O amor, nasceu pra brilhar.

Texto publicado originalmente na Revista NIHIL Ed. Especial - Dadá em Julho de 2018