Advindo de Marte
Ou de qualquer lugar a alguns anos-vidas-luz daqui,
Ele chega.
E vem sem nada, nu.
Despretensioso
E sem consciência.
Vem inocente, puro
E calmo de verdade.
Feliz,
Por não conhecer a felicidade.
Vem morno.
Nem quente,
Nem frio,
Vem vazio.
Olha porque tem olho,
Cheira porque tem cheiro,
Chora porque tem hora.
Hora pra respirar,
Hora pra olhar.
E agora,
Não tem mais toca.
Mas toca
E se entoca
Onde for mais quentinho,
Apesar de amar tocar o chão frio.
E aprende,
Sente,
Nunca mente.
Nem tem mente!
Pode ser descrente
E não acreditar em ninguém,
Além da gente.
Gente que acolhe.
Ah, como o coração encolhe.
Rei torto,
Rei louco.
Prícipe cego,
que ganha mais de um olho.
E prefere gritar,
Chupar.
Cantar o canto do vivo.
Aquele que não precisa de trigo.
Só leite
E alguém que o ajeite.
Amor em forma de gente,
Pequeno ser regente,
És meu trilho,
És meu filho.