quarta-feira, 18 de abril de 2012

Poema para Marcel

Advindo de Marte
Ou de qualquer lugar a alguns anos-vidas-luz daqui,
Ele chega.

E vem sem nada, nu.
Despretensioso
E sem consciência.

Vem inocente, puro
E calmo de verdade.

Feliz,
Por não conhecer a felicidade.

Vem morno.

Nem quente,
Nem frio,
Vem vazio.

Olha porque tem olho,
Cheira porque tem cheiro,
Chora porque tem hora.

Hora pra respirar,
Hora pra olhar.

E agora,
Não tem mais toca.

Mas toca
E se entoca
Onde for mais quentinho,
Apesar de amar tocar o chão frio.

E aprende,
Sente,
Nunca mente.

Nem tem mente!
Pode ser descrente
E não acreditar em ninguém,
Além da gente.

Gente que acolhe.
Ah, como o coração encolhe.

Rei torto,
Rei louco.

Prícipe cego,
que ganha mais de um olho.

E prefere gritar,
Chupar.

Cantar o canto do vivo.

Aquele que não precisa de trigo.

Só leite
E alguém que o ajeite.

Amor em forma de gente,
Pequeno ser regente,
És meu trilho,
És meu filho.