Fazia tempo que a palavra saudade não fazia tanto efeito...
É pesado ter um filho e não poder ser mais fraco.
Faz falta seus braços e sua intenção única, amor puro e sem ciúmes.
Sabe entender e fala só pelo silêncio.
Te amo muito mais do que eu mesmo possa imaginar.
E como é difícil não se entregar às lágrimas, só pelo prazer de te abraçar.
Te usar um pouco como a melhor almofada afogadora de mágoas...
É tão puro e tão óbvio que dói não poder ser mais fraco.
Te amo mais do que posso aguentar e me esqueço de não pensar.
Não se preocupar é sinônimo de mãe.
Demorei pra perceber.
Nunca te esquecerei.
Nem ousaria deixar de te amar, de precisar
e de chorar só de lembrar da sua cara igual a minha.
Desculpa, mas só você sabe não me deixar pensar.
E relaxar.
Obrigado por me amar.
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quinta-feira, 9 de maio de 2013
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Sobre o fim do mundo e as histerias coletivas
Porque todos de repente se preocupam com algum fato irrelevante e geralmente ilusório? Porque se desesperam a ponto de perderem o controle de suas vidas e rotinas pífias e sem graça? Porque desejam e as vezes lutam por vitórias enganosas e por vezes autodestrutiva?
Temos mesmo um instinto totalmente suicida? Realmente acreditamos que nada pode ser pior do que continuar a viver exatamente da mesmíssima maneira pelos próximos 10, 15, 20, 25 anos? E chega a ser injusto, então, ser, ter, parecer, encenar, algo que não é, não tem e não vive?
Uma saída razoável e bem plausível seria a de algo maior existir.
E se algo maior resiste, um dia passamos a nos sentir impotentes, fracos, pequenos. Sentimentos mesquinhos demais para a natureza humana, natureza essa, obviamente, selvagem e violenta.
A melhor resposta seria o silêncio. O vazio. O não. O fim, enfim.
E o fim, finalmente, atrai e fala sobre a que veio, ou ao que virá, ou, ainda, ao que deveria findar.
Amamos a impotência, pois já acreditamos e nos adequamos a não se incluir, a sermos inferiores, ou pelo menos, sempre nos ensinaram isso, nas escolas e jantares em família.
Deixamos-nos ficar por baixo e nunca gritar. Pois é mais fácil assim.
Porém alguém, alguma hora, tem que sempre citar uma antiga profecia, ou uma antiga crença que insiste em nos dizer aquilo exatamente que queríamos ouvir: O mundo vai acabar no dia 21 às 21 horas, pois simplesmente encerrou-se mais um ciclo, ciclo este que é sucessor do que detonou toda a vida dos dinossauros, os todos-poderosos, antes da gente, antes de deus.
Seria como uma salvação às avessas. Pois já nos acostumamos a estar por baixo, mas imaginar um governador, um estadista, um presidente, um rei ou um papa ficar por baixo e sofrer, por alguns instantes que sejam, como nós sempre sofremos, sofrer mais até por ver seu ter se perder, isso, sim, seria um sonho e uma retaliação à nosso ser ou haver interior.
Temos mesmo um instinto totalmente suicida? Realmente acreditamos que nada pode ser pior do que continuar a viver exatamente da mesmíssima maneira pelos próximos 10, 15, 20, 25 anos? E chega a ser injusto, então, ser, ter, parecer, encenar, algo que não é, não tem e não vive?
Uma saída razoável e bem plausível seria a de algo maior existir.
E se algo maior resiste, um dia passamos a nos sentir impotentes, fracos, pequenos. Sentimentos mesquinhos demais para a natureza humana, natureza essa, obviamente, selvagem e violenta.
A melhor resposta seria o silêncio. O vazio. O não. O fim, enfim.
E o fim, finalmente, atrai e fala sobre a que veio, ou ao que virá, ou, ainda, ao que deveria findar.
Amamos a impotência, pois já acreditamos e nos adequamos a não se incluir, a sermos inferiores, ou pelo menos, sempre nos ensinaram isso, nas escolas e jantares em família.
Deixamos-nos ficar por baixo e nunca gritar. Pois é mais fácil assim.
Porém alguém, alguma hora, tem que sempre citar uma antiga profecia, ou uma antiga crença que insiste em nos dizer aquilo exatamente que queríamos ouvir: O mundo vai acabar no dia 21 às 21 horas, pois simplesmente encerrou-se mais um ciclo, ciclo este que é sucessor do que detonou toda a vida dos dinossauros, os todos-poderosos, antes da gente, antes de deus.
Seria como uma salvação às avessas. Pois já nos acostumamos a estar por baixo, mas imaginar um governador, um estadista, um presidente, um rei ou um papa ficar por baixo e sofrer, por alguns instantes que sejam, como nós sempre sofremos, sofrer mais até por ver seu ter se perder, isso, sim, seria um sonho e uma retaliação à nosso ser ou haver interior.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
O Começo do Inverno (Ou aquele dia em que o nó na garganta dá significado a palavra amor)
Vinte e um de junho.
Sempre confundido como o dia da noite mais longa.
O dia em que o frio toma conta e finalmente nos leva a olhar pra dentro.
Aquela velha máxima de que em dias mais frios nos tornamos mais introspectivos, mais sensíveis.
Eu, sempre preferi o frio e sim, você sabe.
Por isso e por você.
Pelo inverno. Pelo ar diferente, pela questão diferente.
E especialmente pelo amor.
Aquele velho mistério (talvez o mais velho do mundo), o amor.
E o que o amor tem haver com o frio?
Seria apenas porque no frio ficamos mais próximos, pra nos aquecer e acabamos por vezes nos aproximando mais do que fisicamente?
Será por causa daquele dia em que a menina que você amava na época lhe chamou pra dividir a proteção de seu guarda-chuva, naquela tempestade que caiu durante o caminho para a escola?
Ou será que é porque este dia sempre foi marcado por uma comemoração?
E sempre fui levado por esta confusão.
O inverno, que por muitos sempre foi amaldiçoado, por mim, e por nós sempre foi comemorado.
Era dia de alegria, não daquela alegria chata e monótona de verão. Mas da alegria de inverno. Alegria de frio, também conhecida como amor.
Lembrada como aquele abraço, molhado por lágrimas.
Lembrada como aquele choro no colo e o desespero característico de quem nunca soube realmente se acostumar com a levada frenética e ainda desconhecida da vida.
E venerada por aquele que era acalentado, aquele que era acalmado da forma mais funcional possível.
Venerada, como mãe.
Venerada como dona do inverno.
Como a única que consegue tirar os nós de minha garganta e me fazer falar, sorrir e chorar de verdade.
Venerada como santa.
Na verdade a única santa que conheci.
Venerada como muito mais que um exemplo, pois exemplos não amam.
E amor não é exemplo, é sentimento.
Vinte e dois de julho, segundo dia de inverno e começo do meu eterno lamento por nunca conseguir traduzir exatamente aquilo que gostaria de lhe declarar.
Por incapacidade de poder descrever e escrever perfeitamente sobre o amor.
Eu te amo Inverno.
Eu te amo Frio.
Eu te amo Amor.
Eu te amo Amiga.
Eu te amo Mãe.
Sempre confundido como o dia da noite mais longa.
O dia em que o frio toma conta e finalmente nos leva a olhar pra dentro.
Aquela velha máxima de que em dias mais frios nos tornamos mais introspectivos, mais sensíveis.
Eu, sempre preferi o frio e sim, você sabe.
Por isso e por você.
Pelo inverno. Pelo ar diferente, pela questão diferente.
E especialmente pelo amor.
Aquele velho mistério (talvez o mais velho do mundo), o amor.
E o que o amor tem haver com o frio?
Seria apenas porque no frio ficamos mais próximos, pra nos aquecer e acabamos por vezes nos aproximando mais do que fisicamente?
Será por causa daquele dia em que a menina que você amava na época lhe chamou pra dividir a proteção de seu guarda-chuva, naquela tempestade que caiu durante o caminho para a escola?
Ou será que é porque este dia sempre foi marcado por uma comemoração?
E sempre fui levado por esta confusão.
O inverno, que por muitos sempre foi amaldiçoado, por mim, e por nós sempre foi comemorado.
Era dia de alegria, não daquela alegria chata e monótona de verão. Mas da alegria de inverno. Alegria de frio, também conhecida como amor.
Lembrada como aquele abraço, molhado por lágrimas.
Lembrada como aquele choro no colo e o desespero característico de quem nunca soube realmente se acostumar com a levada frenética e ainda desconhecida da vida.
E venerada por aquele que era acalentado, aquele que era acalmado da forma mais funcional possível.
Venerada, como mãe.
Venerada como dona do inverno.
Como a única que consegue tirar os nós de minha garganta e me fazer falar, sorrir e chorar de verdade.
Venerada como santa.
Na verdade a única santa que conheci.
Venerada como muito mais que um exemplo, pois exemplos não amam.
E amor não é exemplo, é sentimento.
Vinte e dois de julho, segundo dia de inverno e começo do meu eterno lamento por nunca conseguir traduzir exatamente aquilo que gostaria de lhe declarar.
Por incapacidade de poder descrever e escrever perfeitamente sobre o amor.
Eu te amo Inverno.
Eu te amo Frio.
Eu te amo Amor.
Eu te amo Amiga.
Eu te amo Mãe.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Arte-Vômito
Depois de me perguntar em algum momento sobre o que havia de escrever, pintar, construir ou amar...
Sobre o que é e de onde vinha a supervalorizada coisa chamada de inspiração. E porque era tão necessária.
E por pensar nisso perdi um pouco da sensitividade (ou seria sensibilidade mesmo?) e da honestidade de escrever e falar ou gritar sobre algo, alguém ou sobre eu mesmo.
E, por tempos, só houve a seguinte, atenuante pergunta: De onde vem a inspiração?
Da onde sai os sonhos e as palavras e idéias que realmente valem a pena?
De que buraco fundo e fantástico tiram, os artistas e os gênios, suas loucuras bem-guiadas e loucura bem-direcionada?
Ou, e principalmente, como poderá, aquele garoto pouco costumeiro e inocentemente sociável, demonstrar e avaliar o sua própria visão de objetos, paisagem, valores e outros objetos cotidianos e aparentemente sem muitos atrativos se ele não estiver minimamente inspirado?
Depois disso, me vi tendo uma pequena hora de inspiração e, desta vez, ao invés de usá-la e criar coisas maravilhosas, ou no mínimo libertadoras para mim mesmo, resolvi pensar na liberdade e na causa de o resultado de uma inspiração ser quase sempre algo como o vômito de partes importantes que pesavam no seu estômago e não te fazia tão bem...
Percebi, então de onde a inspiração vem e poderá sempre vir...
A inspiração vem da liberdade, ou de momentos livre, em que se deixa pensar no que se quer pensar, e mesmo que não possa agira spobre algo, acab-se, termina-se quase sempre pondendo recitar sobre seu próprio vômito e o que aquilo pode influenciar e redefinir os olhares de outras pessoas.
O que posso dizer além disso é que a arte é a única coisa realmente amável deste mundo.
Te amo Arte-Vômito.
Sobre o que é e de onde vinha a supervalorizada coisa chamada de inspiração. E porque era tão necessária.
E por pensar nisso perdi um pouco da sensitividade (ou seria sensibilidade mesmo?) e da honestidade de escrever e falar ou gritar sobre algo, alguém ou sobre eu mesmo.
E, por tempos, só houve a seguinte, atenuante pergunta: De onde vem a inspiração?
Da onde sai os sonhos e as palavras e idéias que realmente valem a pena?
De que buraco fundo e fantástico tiram, os artistas e os gênios, suas loucuras bem-guiadas e loucura bem-direcionada?
Ou, e principalmente, como poderá, aquele garoto pouco costumeiro e inocentemente sociável, demonstrar e avaliar o sua própria visão de objetos, paisagem, valores e outros objetos cotidianos e aparentemente sem muitos atrativos se ele não estiver minimamente inspirado?
Depois disso, me vi tendo uma pequena hora de inspiração e, desta vez, ao invés de usá-la e criar coisas maravilhosas, ou no mínimo libertadoras para mim mesmo, resolvi pensar na liberdade e na causa de o resultado de uma inspiração ser quase sempre algo como o vômito de partes importantes que pesavam no seu estômago e não te fazia tão bem...
Percebi, então de onde a inspiração vem e poderá sempre vir...
A inspiração vem da liberdade, ou de momentos livre, em que se deixa pensar no que se quer pensar, e mesmo que não possa agira spobre algo, acab-se, termina-se quase sempre pondendo recitar sobre seu próprio vômito e o que aquilo pode influenciar e redefinir os olhares de outras pessoas.
O que posso dizer além disso é que a arte é a única coisa realmente amável deste mundo.
Te amo Arte-Vômito.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
O naufragar
Andei meio esquecido de mim mesmo e dos outros ao redor, andai pensando em não pensar.
Tô tentando parar de ter que ser alguém.
A vida é um rio, sim, e você deve deixar fluir.
Mas (além de não ser tão fácil se largar assim na mão de qualquer rio) existem partes, e muitas passagens que são caudalosas, agitadas, difíceis, doloridas e sem qualquer calmaria tão sonhada.
Sozinho.
E o solitário sempre enjoa da companhia de sua única parceira, a solidão.
Mas deseja...
E o desejo é como uma tentação, um pecado. Ser sempre atraido pela solidão.
E desejoso de um final feliz, quer apenas dormir, como sempre. Fechar os olhos, descansar e esperar chegar aquela hora em que o rio estará mais calmo, sem pedras ou outros obstáculos, mais fácil de navegar.
Mas, além disso tudo e um pouco acima, num lugar conhecido como coração ou cabeça, existe aquele preguiçoso, que cansou disso tudo, mas que lá no fundo continua a desejar, sonhar, um final mais calmo do que exatamente feliz.
A calma pode durar mais tempo que a felicidade.
E por isso negar aos desejos da carne, ou aos instintos, ou mesmo levantar, sair do barco e ver que o rio não é tão fundo assim, pisar na areia, ou pequenas pedras que têm no leito do rio, e então tomar o rumo da porra da sua vida, mesmo que para voltar atrás seja dificílimo.
Tô tentando parar de ter que ser alguém.
A vida é um rio, sim, e você deve deixar fluir.
Mas (além de não ser tão fácil se largar assim na mão de qualquer rio) existem partes, e muitas passagens que são caudalosas, agitadas, difíceis, doloridas e sem qualquer calmaria tão sonhada.
Sozinho.
E o solitário sempre enjoa da companhia de sua única parceira, a solidão.
Mas deseja...
E o desejo é como uma tentação, um pecado. Ser sempre atraido pela solidão.
E desejoso de um final feliz, quer apenas dormir, como sempre. Fechar os olhos, descansar e esperar chegar aquela hora em que o rio estará mais calmo, sem pedras ou outros obstáculos, mais fácil de navegar.
Mas, além disso tudo e um pouco acima, num lugar conhecido como coração ou cabeça, existe aquele preguiçoso, que cansou disso tudo, mas que lá no fundo continua a desejar, sonhar, um final mais calmo do que exatamente feliz.
A calma pode durar mais tempo que a felicidade.
E por isso negar aos desejos da carne, ou aos instintos, ou mesmo levantar, sair do barco e ver que o rio não é tão fundo assim, pisar na areia, ou pequenas pedras que têm no leito do rio, e então tomar o rumo da porra da sua vida, mesmo que para voltar atrás seja dificílimo.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Still Young
Um dia, uma mãe de um amigo meu me disse que acreditava que eu era punk e usou a seguinte justificativa:
- Ele ama ela.
Demorei alguns anos para perceber o quanto isto fazia realmente sentido para mim, ou, ao menos, para a lógica.
Fez sentido no dia em que substituí o "ama ela" por "tinha uma paixão exacerbada por ela".
Paixão.
Rubra, vital, quase sangue, paixão.
Talvez a única razão para estarmos vivos seja a paixão.
Temos paixões mil e todas são encaradas do mesmo modo.
Ao amar, ou seja, ultrapassar os limites de estar apaixonado, passamos a viver por aquele, aquela ou aquilo.
E gostamos de nos apaixonar.
Só uma vírgula,
Já percebeu que amar é verbo e paixão não?
Só um ponto.
P.S.: E nunca desistimos de uma paixão.
P.S.2: Se apaixonar pela liberdade e passar a amar ela é foda!
P.S.3: Não que seja fácil se apaixonar pela natureza humana, seus instintos e vontades, ou pela própria vida, com todas suas rotinas.
P.S.4: Mas amar o natural, selvagem, liberto, feliz é muito mais complicado.
P.S.5: Give a fucking shot one bullet in your brain, please.
- Ele ama ela.
Demorei alguns anos para perceber o quanto isto fazia realmente sentido para mim, ou, ao menos, para a lógica.
Fez sentido no dia em que substituí o "ama ela" por "tinha uma paixão exacerbada por ela".
Paixão.
Rubra, vital, quase sangue, paixão.
Talvez a única razão para estarmos vivos seja a paixão.
Temos paixões mil e todas são encaradas do mesmo modo.
Ao amar, ou seja, ultrapassar os limites de estar apaixonado, passamos a viver por aquele, aquela ou aquilo.
E gostamos de nos apaixonar.
Só uma vírgula,
Já percebeu que amar é verbo e paixão não?
Só um ponto.
P.S.: E nunca desistimos de uma paixão.
P.S.2: Se apaixonar pela liberdade e passar a amar ela é foda!
P.S.3: Não que seja fácil se apaixonar pela natureza humana, seus instintos e vontades, ou pela própria vida, com todas suas rotinas.
P.S.4: Mas amar o natural, selvagem, liberto, feliz é muito mais complicado.
P.S.5: Give a fucking shot one bullet in your brain, please.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Um dia na vida dela
Todo dia ela acordava com um pulo.
Ligava seu ipod encaixado numa caixinha de som.
E dançava desajeitadamente.
Trajava uma camisola amerelo claro, com um passarinho estampado.
Ia rebolando em direção ao banheiro.
Lavava o rosto, pegava seus óculos de hastes pretas na pia.
E ao encarar o espelho através das lentes, percebia haver algumas gotas de água.
Limpava-o na barra da camisola e sorria timidamente ao pôr os óculos de novo e se olhar, descabelada, no reflexo.
Despia a camisola e cobria com as mãos magras, seus pequenos seios.
Nunca se olhava nua, no espelho.
Tomava um banho quente, bem quente e simulava se tocar, apesar de nunca ter tido coragem de excitar seu próprio corpo até o gozo.
Tomava banho de óculos. Pois sem óculos, se sentia mais nua ainda.
Ao sair, se enxugava no banheiro e se trocava no quarto, onde podia continuar ouvindo as músicas que saiam de seu mp3, quase sempre doces e suaves.
Deixava deslizar pelo seu corpo, um vestidinho, com uma textura muito fina, daqueles que não se pode passar à ferro, com uma estampa de flores, que havia ganho da sua avó alguns anos atrás.
Prendia seu encaracolado cabelo num coque bem seguro, no topo da cabeça e deixava uma ou duas mexas cairem, parecendo pequenas molinhas.
Arrumava sua mochila, decorada com desenhos singelos e japoneses.
Dentro iria seu caderno, com capa cheia de flores, suas canetas coloridas e perfumadas.
E sempre deixava por último, o que considerava principal, seu estilete.
Ela sempre imaginava estar mais protegida por ter um estilete na mochila.
Nunca usou-o e nem saberia se conseguiria fazê-lo ao precisar.
Mas se sentia mais segura com ele.
Na tela do PC, ligado desde o dia anterior, conferia os downloads de séries e animes que havia deixado baixando, limpou a lista de downloads e pôs mais alguns para baixar.
Desceu as escadas e foi tomar seu, sempre desejado, copo de café puro.
Escovava os dentes com um cuidado excepcional, sempre pensava que aquele menino que a encatava, na escola, iria olhar, falar e beijar ela neste dia, mesmo ele nunca tendo nem notado sua presença.
Saia pela rua, andando por um clima ameno, com árvores floridas, a sombra delas, poucos carros, e folhas secas pelo chão.
Adorava este caminho.
Em menos de dez minutos, chegava a sua escola e se sentava num banco que parecia reservado para ela, onde podia ver todo mundo chegando (pricipalmente o menino que a deixava sem ar). Mas ninguém a conseguia ver, por ficar escondida perto de uma grutinha, com imagem de santa.
Era aplicada e podia-se perceber sua inabilidade de fazer e, principalmente, manter amigos.
Nunca comia na escola, morria de vergonha de pensar em mastigar na frente de seus colegas.
E mesmo não abrindo a boca, a não ser na hora em que os professores perguntavam algo, ela voltava sorrindo, pelo mesmo caminho sombreado da manhã.
Chegava em casa, almoçava com sua mãe, que também nunca dizia nada.
Voltava pro quarto e tentava de novo se tocar, desta vez pensando no menino do colégio.
E desistia, mais uma vez, por pensar em como o menino iria rir e caçoar do frágil e pequeno corpo dela, ao vê-lo nu.
Sem graça, iria assistir seus animes, que hoje eram eróticos.
Mas nem aquilo a excitava, pois não se punha nunca no lugar de uma mulher desejada.
Ao anoitecer, preferia ir dormir.
Sonhar com seu principezinho encantado que nunca a olhou.
Tentava dormir sem roupa, mas ao esbarrar em qualquer parte nua de seu corpo, se sentia constrangida e vestia sua camisola amarelinha.
Sonhava com um abismo e gostava de sentir a sensação de cair, em sonhos.
Ligava seu ipod encaixado numa caixinha de som.
E dançava desajeitadamente.
Trajava uma camisola amerelo claro, com um passarinho estampado.
Ia rebolando em direção ao banheiro.
Lavava o rosto, pegava seus óculos de hastes pretas na pia.
E ao encarar o espelho através das lentes, percebia haver algumas gotas de água.
Limpava-o na barra da camisola e sorria timidamente ao pôr os óculos de novo e se olhar, descabelada, no reflexo.
Despia a camisola e cobria com as mãos magras, seus pequenos seios.
Nunca se olhava nua, no espelho.
Tomava um banho quente, bem quente e simulava se tocar, apesar de nunca ter tido coragem de excitar seu próprio corpo até o gozo.
Tomava banho de óculos. Pois sem óculos, se sentia mais nua ainda.
Ao sair, se enxugava no banheiro e se trocava no quarto, onde podia continuar ouvindo as músicas que saiam de seu mp3, quase sempre doces e suaves.
Deixava deslizar pelo seu corpo, um vestidinho, com uma textura muito fina, daqueles que não se pode passar à ferro, com uma estampa de flores, que havia ganho da sua avó alguns anos atrás.
Prendia seu encaracolado cabelo num coque bem seguro, no topo da cabeça e deixava uma ou duas mexas cairem, parecendo pequenas molinhas.
Arrumava sua mochila, decorada com desenhos singelos e japoneses.
Dentro iria seu caderno, com capa cheia de flores, suas canetas coloridas e perfumadas.
E sempre deixava por último, o que considerava principal, seu estilete.
Ela sempre imaginava estar mais protegida por ter um estilete na mochila.
Nunca usou-o e nem saberia se conseguiria fazê-lo ao precisar.
Mas se sentia mais segura com ele.
Na tela do PC, ligado desde o dia anterior, conferia os downloads de séries e animes que havia deixado baixando, limpou a lista de downloads e pôs mais alguns para baixar.
Desceu as escadas e foi tomar seu, sempre desejado, copo de café puro.
Escovava os dentes com um cuidado excepcional, sempre pensava que aquele menino que a encatava, na escola, iria olhar, falar e beijar ela neste dia, mesmo ele nunca tendo nem notado sua presença.
Saia pela rua, andando por um clima ameno, com árvores floridas, a sombra delas, poucos carros, e folhas secas pelo chão.
Adorava este caminho.
Em menos de dez minutos, chegava a sua escola e se sentava num banco que parecia reservado para ela, onde podia ver todo mundo chegando (pricipalmente o menino que a deixava sem ar). Mas ninguém a conseguia ver, por ficar escondida perto de uma grutinha, com imagem de santa.
Era aplicada e podia-se perceber sua inabilidade de fazer e, principalmente, manter amigos.
Nunca comia na escola, morria de vergonha de pensar em mastigar na frente de seus colegas.
E mesmo não abrindo a boca, a não ser na hora em que os professores perguntavam algo, ela voltava sorrindo, pelo mesmo caminho sombreado da manhã.
Chegava em casa, almoçava com sua mãe, que também nunca dizia nada.
Voltava pro quarto e tentava de novo se tocar, desta vez pensando no menino do colégio.
E desistia, mais uma vez, por pensar em como o menino iria rir e caçoar do frágil e pequeno corpo dela, ao vê-lo nu.
Sem graça, iria assistir seus animes, que hoje eram eróticos.
Mas nem aquilo a excitava, pois não se punha nunca no lugar de uma mulher desejada.
Ao anoitecer, preferia ir dormir.
Sonhar com seu principezinho encantado que nunca a olhou.
Tentava dormir sem roupa, mas ao esbarrar em qualquer parte nua de seu corpo, se sentia constrangida e vestia sua camisola amarelinha.
Sonhava com um abismo e gostava de sentir a sensação de cair, em sonhos.
quarta-feira, 16 de março de 2011
A folha branca sempre me parece tão mais interessante
Saber que ao virar as páginas de seu caderninho recém-comprado em qualquer mercadinho de bairro (ou condomínio), ele irá se deparar com mais e mais folhas em branco.
Esperam apenas existirem e esperam, ansiosamente, serem preenchidas de riscos ou palavras.
Ele admira a capacidade de ser folha em branco e passa a idolatrar aqueles que conseguem viver sem nada, apenas existindo, como folhas em branco e esperam serem escritas ou rabiscadas, mesmo sendo lindos, assim, em branco.
Esperam apenas existirem e esperam, ansiosamente, serem preenchidas de riscos ou palavras.
Ele admira a capacidade de ser folha em branco e passa a idolatrar aqueles que conseguem viver sem nada, apenas existindo, como folhas em branco e esperam serem escritas ou rabiscadas, mesmo sendo lindos, assim, em branco.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Balbúcios de um coração que insiste em tentar ser pequeno
De repente, percebo que as pétalas daquelas rosas vermelhas, que me deste para mostrar a cor rubra e intensa de sua paixão, tem o mesmo toque sedoso, macio, acalentador, suave e liso da sua pele.
Gosto de perceber acasos loucos que me trazem até aqui.
Adoro lembrar das tardes e dos óculos como sonhos cinematográficos que gravaram em nossa memória para sempre.
Titubear é verbo velho e ultrapassado que não encaixa mais em parte alguma, entre nós.
Te tenho por inteira.
E saber que o toque da sua pele, o qual a rosa me fez recordar, pode ser tão simples e acessível como saber que poderei talvez tocar outras rosas, enquanto elas se encontram no mesmo vaso.
E posso sofrer a angústia do talvez, por ter mais opiniões...
E gosto de pensar naquele antigo amor.
E em como ele era calmo, terno, seguro, clichê e delicioso.
Mas em como, principalmente, ele se tornara chato após alguns anos de convivência e romantismo.
Mas a ternura nele me atraia.
E talvez, hoje eu não seja tão romântico por motivos que passam perto da inocência, perdida outrora.
Gosto de perceber acasos loucos que me trazem até aqui.
Adoro lembrar das tardes e dos óculos como sonhos cinematográficos que gravaram em nossa memória para sempre.
Titubear é verbo velho e ultrapassado que não encaixa mais em parte alguma, entre nós.
Te tenho por inteira.
E saber que o toque da sua pele, o qual a rosa me fez recordar, pode ser tão simples e acessível como saber que poderei talvez tocar outras rosas, enquanto elas se encontram no mesmo vaso.
E posso sofrer a angústia do talvez, por ter mais opiniões...
E gosto de pensar naquele antigo amor.
E em como ele era calmo, terno, seguro, clichê e delicioso.
Mas em como, principalmente, ele se tornara chato após alguns anos de convivência e romantismo.
Mas a ternura nele me atraia.
E talvez, hoje eu não seja tão romântico por motivos que passam perto da inocência, perdida outrora.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
De vez em quando se batem comigo nas festas e percebem que estou lá.
E saber que os otários são sempre os mais sinceros e que acreditam nas pessoas.
Isso me faz pensar que hoje em dia todo gênio que deseje viver de sua criatividade, deve ser, no mínimo, engraçado.
E assim, vivemos num mundo de palhaços-de-festas-de-criança, daqueles com maquiagem de tinta guache e com a testa sempre suada.
Aprecia-se os filhos-da-puta.
Admira-se a mentira. E sim, a verdade quase sempre causa repúdio e faz os plausíveis se sentirem culpados e se esconderem.
Mas essa culpa, quando divertida ou engraçada, gera frutos, vale dinheiro e prestígio tardio.
E os palhaços sempre assustam os inocentes e as crianças. Principalmente aqueles que nos passam angústia e medo no olhar.
P.s.: Escrito em Novembro de 2010
Isso me faz pensar que hoje em dia todo gênio que deseje viver de sua criatividade, deve ser, no mínimo, engraçado.
E assim, vivemos num mundo de palhaços-de-festas-de-criança, daqueles com maquiagem de tinta guache e com a testa sempre suada.
Aprecia-se os filhos-da-puta.
Admira-se a mentira. E sim, a verdade quase sempre causa repúdio e faz os plausíveis se sentirem culpados e se esconderem.
Mas essa culpa, quando divertida ou engraçada, gera frutos, vale dinheiro e prestígio tardio.
E os palhaços sempre assustam os inocentes e as crianças. Principalmente aqueles que nos passam angústia e medo no olhar.
P.s.: Escrito em Novembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
A inabilidade do passar dos dias (ou Explicações para corações despadaçadamente bonitos)
Capítulo I -
Ele, definiu poucas coisas, quase nada.
Capítulo II-
Disse só que poderiam ficar com tudo, ele só queria a gaiola.
A gaiola que continha a dois meses atrás, seu passarinho.
Cujo ele mesmo soltou, quando, numa tarde qualquer, ele avistou o sol. Viu seus raios cortarem tudo, pricipalmente as folhas das árvores.
Percebeu, naquele instante, que por mais esforço que ele fizesse, ou pensasse em fazer, para ter em suas mãos toda beleza pura e verdadeira do mundo, não adiantava, pois nada de belo pode ser realmente possuído, ele percebeu.
E nada de verdadeiramente sutil e simples, como a beleza pode ser adquirido por consessão, ou não.
Capítulo III -
E ele soltou seus braços, que viviam cruzados.
Percebeu que o ar pode, sim, ser tocado, e que seu toque nada mais é do que sublime.
Quase tão suave como o toque imaginário de uma menina que você se 'apaixonou' instanteneamente ao vê-la na rua.
Mas, para ele, ato proveitoso, pois se trata de si próprio, não do resto do mundo, ou do resto da casa.
Capítulo IV -
Ele queria respirar.
E voltar a sonhar, quando não necessariamente estivesse adormecido. Sonhos concretos, realizáveis e só não, reais, pela questão prática da coisa.
Queria ter a vitória em suas mãos, antes de cruzar a linha de chegada.
Capítulo V -
Existiram épocas de fácil contato físico, para ele.
Mas preferiu esquecer e voltar a lembrar, que sexo, por si só, não cura carência.
E ele preferia sentir dor a não sentir nada.
E gostava de exacerbar seus feitos, ou seus fúteis conhecimentos.
Como se fosse preciso gritar, para ser realmente ouvido.
Capítulo VI -
E ele chorava toda vez que sabia que estava sozinho, e também quando encontrava alguém 'capaz' de sentir o mesmo que ele.
Egocêntrico, ou 'egotântrico', pelo prazer prolongado, de poder ser realmente, mas aos poucos e nem pra todos.
Capítulo VII -
Queria seu ar, porra.
Mas ela não entendia, e fazia questão de borrar tudo com seu cinismo, radicalismo, ou inabilidade mesmo.
Capítulo VIII -
E hoje, ele se importava aos poucos, pois o ar não era mais tão raro, quanto já foi.
E seu mal era a asma, ou a falta de ar proveniente de outros pulmões, algum médico diria.
Carência, o tolo gritaria.
E ele, óbvio, choraria. Por seus corações e seus sonhos-corações submersos em sentimentos escondidos pelo orgulho, ou pela auto-imagem cultivadamente pura mesmo.
Capítulo IX -
Ele sentia sim, medo, fome, vazio, desejo, vaidade e qualquer outro pecado.
Mas ao falar mal do pecado, falaria bem da igreja e isso, ele nunca quis.
Não nos últimos quatro, cinco anos. Que para ele passaram tão rápido como uma tempestade.
A famosa sindrome dos anos zero zero, que, por sinal, já passaram, e fazem ele lembrar de cem anos atrás, que mais parecem meses, passados a pouco.
Ele, definiu poucas coisas, quase nada.
Capítulo II-
Disse só que poderiam ficar com tudo, ele só queria a gaiola.
A gaiola que continha a dois meses atrás, seu passarinho.
Cujo ele mesmo soltou, quando, numa tarde qualquer, ele avistou o sol. Viu seus raios cortarem tudo, pricipalmente as folhas das árvores.
Percebeu, naquele instante, que por mais esforço que ele fizesse, ou pensasse em fazer, para ter em suas mãos toda beleza pura e verdadeira do mundo, não adiantava, pois nada de belo pode ser realmente possuído, ele percebeu.
E nada de verdadeiramente sutil e simples, como a beleza pode ser adquirido por consessão, ou não.
Capítulo III -
E ele soltou seus braços, que viviam cruzados.
Percebeu que o ar pode, sim, ser tocado, e que seu toque nada mais é do que sublime.
Quase tão suave como o toque imaginário de uma menina que você se 'apaixonou' instanteneamente ao vê-la na rua.
Mas, para ele, ato proveitoso, pois se trata de si próprio, não do resto do mundo, ou do resto da casa.
Capítulo IV -
Ele queria respirar.
E voltar a sonhar, quando não necessariamente estivesse adormecido. Sonhos concretos, realizáveis e só não, reais, pela questão prática da coisa.
Queria ter a vitória em suas mãos, antes de cruzar a linha de chegada.
Capítulo V -
Existiram épocas de fácil contato físico, para ele.
Mas preferiu esquecer e voltar a lembrar, que sexo, por si só, não cura carência.
E ele preferia sentir dor a não sentir nada.
E gostava de exacerbar seus feitos, ou seus fúteis conhecimentos.
Como se fosse preciso gritar, para ser realmente ouvido.
Capítulo VI -
E ele chorava toda vez que sabia que estava sozinho, e também quando encontrava alguém 'capaz' de sentir o mesmo que ele.
Egocêntrico, ou 'egotântrico', pelo prazer prolongado, de poder ser realmente, mas aos poucos e nem pra todos.
Capítulo VII -
Queria seu ar, porra.
Mas ela não entendia, e fazia questão de borrar tudo com seu cinismo, radicalismo, ou inabilidade mesmo.
Capítulo VIII -
E hoje, ele se importava aos poucos, pois o ar não era mais tão raro, quanto já foi.
E seu mal era a asma, ou a falta de ar proveniente de outros pulmões, algum médico diria.
Carência, o tolo gritaria.
E ele, óbvio, choraria. Por seus corações e seus sonhos-corações submersos em sentimentos escondidos pelo orgulho, ou pela auto-imagem cultivadamente pura mesmo.
Capítulo IX -
Ele sentia sim, medo, fome, vazio, desejo, vaidade e qualquer outro pecado.
Mas ao falar mal do pecado, falaria bem da igreja e isso, ele nunca quis.
Não nos últimos quatro, cinco anos. Que para ele passaram tão rápido como uma tempestade.
A famosa sindrome dos anos zero zero, que, por sinal, já passaram, e fazem ele lembrar de cem anos atrás, que mais parecem meses, passados a pouco.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Noite, febre, luta
Gostava de agir sempre assim, saia de casa sem olhar para trás e às vezes esquecia até de trancar a porta.
Preferia se livrar logo do mofo de estar num mesmo lugar sempre.
Não entendia a lógica de se ter um telefone fixo, já que nunca quis passar tempo bastante em casa para ser encontrado lá.
Preferia ser acordado de manhã com uma batida forte e quase decidida em sua porta, lhe chamando para fora, para brincar ou beijar.
E isso ele sempre desejou, beijos roubados ao léo.
Ou, pedidos com carinho suficiente para lhe fazer se sentir importante para alguém por, pelo menos, alguns momentos.
À noite, ele sempre procurava o lugar que fizesse mais frio.
Gostava de estar no frio para sentir a necessidade de um corpo quente por perto, e poder desejar aquilo sinceramente com toda sua vontade.
E sentia sempre um frio na barriga ao ouvir frases como 'amanhã não existe', ou 'te amo de amor'.
E não por acaso (pois o acaso deixa de existir quando se percebe que não existe realmente um deus, ou alguém mais superior do que ele próprio nas suas decisões diárias), ele gostava de olhar pros dois lados da rua, e da vida.
Gostava de saber exatamente onde pararia seu impulso puro e livre de simplesmente deixar acontecer. E por isso pensava demais e gostava de analisar minuciosamente todas as possibilidades.
Não que isso lhe ajudasse muito a tomar as decisões importantes, de fato.
Mas o livrava de um dos maiores males que já lhe ocorreram, o arrependimento.
Preferia soltar suas próprias frases de efeito, com sinceridade suficiente para convencer qualquer um que ele tinha, no mínimo, personalidade.
Olhava pros outros com o maior desprezo do mundo, pois a maioria das pessoas que via na rua, pareciam, sempre objetos abduzidos de um outro planeta, o 'planeta-bolha', onde usavam bolhas auto-sustentáveis para se proteger, se escondendo.
E desprezava o medo.
Desprezava 'conceitos-prisão', aqueles que o fazia se sentir impelido a cumprir, sem nem entender porque, pelo simples fato de ter apreendido isso, visto isso, vivido isso, pelo simples fato de existir a palavra normal.
Ele desprezava a normalidade e a ordinariedade de não poder experimentar algo considerado fora do comum.
Sabia e conseguia ver realmente a beleza de tudo, inclusive e principalmente da morte e do fim.
Mas mesmo assim, toda noite ele sentia falta de coisas que lhe ensinaram a gostar.
E preferia, mesmo adoentado, sair na rua e lutar, brigar, discutir, falar e ousar defender idéias que ele sabia não serem simples e de fácil assimilação pelos outros.
Ordinários, como ele e toda sua biologia e geneticidade, já comum e quase idêntica ao do outro que se encontra ao seu lado.
Mas gostava do frio, mesmo quando só, pois lhe fazia entender melhor o que realmente queria, e isso ele nunca conseguiu explicar.
Preferia se livrar logo do mofo de estar num mesmo lugar sempre.
Não entendia a lógica de se ter um telefone fixo, já que nunca quis passar tempo bastante em casa para ser encontrado lá.
Preferia ser acordado de manhã com uma batida forte e quase decidida em sua porta, lhe chamando para fora, para brincar ou beijar.
E isso ele sempre desejou, beijos roubados ao léo.
Ou, pedidos com carinho suficiente para lhe fazer se sentir importante para alguém por, pelo menos, alguns momentos.
À noite, ele sempre procurava o lugar que fizesse mais frio.
Gostava de estar no frio para sentir a necessidade de um corpo quente por perto, e poder desejar aquilo sinceramente com toda sua vontade.
E sentia sempre um frio na barriga ao ouvir frases como 'amanhã não existe', ou 'te amo de amor'.
E não por acaso (pois o acaso deixa de existir quando se percebe que não existe realmente um deus, ou alguém mais superior do que ele próprio nas suas decisões diárias), ele gostava de olhar pros dois lados da rua, e da vida.
Gostava de saber exatamente onde pararia seu impulso puro e livre de simplesmente deixar acontecer. E por isso pensava demais e gostava de analisar minuciosamente todas as possibilidades.
Não que isso lhe ajudasse muito a tomar as decisões importantes, de fato.
Mas o livrava de um dos maiores males que já lhe ocorreram, o arrependimento.
Preferia soltar suas próprias frases de efeito, com sinceridade suficiente para convencer qualquer um que ele tinha, no mínimo, personalidade.
Olhava pros outros com o maior desprezo do mundo, pois a maioria das pessoas que via na rua, pareciam, sempre objetos abduzidos de um outro planeta, o 'planeta-bolha', onde usavam bolhas auto-sustentáveis para se proteger, se escondendo.
E desprezava o medo.
Desprezava 'conceitos-prisão', aqueles que o fazia se sentir impelido a cumprir, sem nem entender porque, pelo simples fato de ter apreendido isso, visto isso, vivido isso, pelo simples fato de existir a palavra normal.
Ele desprezava a normalidade e a ordinariedade de não poder experimentar algo considerado fora do comum.
Sabia e conseguia ver realmente a beleza de tudo, inclusive e principalmente da morte e do fim.
Mas mesmo assim, toda noite ele sentia falta de coisas que lhe ensinaram a gostar.
E preferia, mesmo adoentado, sair na rua e lutar, brigar, discutir, falar e ousar defender idéias que ele sabia não serem simples e de fácil assimilação pelos outros.
Ordinários, como ele e toda sua biologia e geneticidade, já comum e quase idêntica ao do outro que se encontra ao seu lado.
Mas gostava do frio, mesmo quando só, pois lhe fazia entender melhor o que realmente queria, e isso ele nunca conseguiu explicar.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
12 balas doces de sabor randômico na boca de 12 pessoas aleatórias
Ela simplesmente dormiu em meus braços, como se nada tivesse acontecido.
Se sentia segura e se deixava entregar ao mais incerto dos planos, o mundo dos sonhos, mesmo em meus braços.
Braços estes, que ela dizia trazer o maior aconchego que já havia sentido.
Mais cedo, estes mesmos braços, em que a delicada cabeça dela repousa agora, se estenderam à frente, segurando um embrulho vermelho brilhante, com um laço rosa, especialmente decorado para a satisfação visual e a expectativa emocional de precisar sempre ver empenho na demonstração de amor do outro.
E entreguei a ela.
Recebeu com um sorisso feliz, satisfeito, quase servil.
Desatou o laço que deslizou no embrulho, caindo.
Desembrulhou e antes de poder analisar direito o que acabara de ganhar, pulou em meus braços, me abraçando o pescoço fortemente, deixando o pacote cair, pra depois se desculpar, pegando-o rapidamente no chão, rasgando o papel de presente que embrulhava juntamente com a embalagem do que havia ganho, onde lia-se '12 balas doces de sabor randômico'.
Pegou um exemplar destes balas e ao invés de pôr na sua própria boca, olhou para o lado e deu a um amigo, que se encontrava sentado bem ao nosso lado, numa roda de amigos, 12 pessoas.
E depois lhe deu um beijo.
Aquelas pessoas se analisavam e refletiam sob uma lua cheia de outono, numa praia onde sentia-se o cheiro de vontades e desejos complicados de se realizar.
Mas a maioria das coisas complicadas podem ser resolvidas com uma palavra, ou simplesmente uma vírgula.
E foi o que ela nos deu, naquele momento.
A cada vírgula de sua fala sem sentido e perdida no ar, ela depositava em nossas bocas uma bala e um doce beijo naturalmente e equalitariamente intenso.
Deixou-me por penúltimo me dando a bala e me beijando da mesma forma de todos os outros
Me pediu um beijo depois de degustar sua última bala da caixa.
Feliz, ela me olhava com ternura e serenidade, como se aquilo fosse tão normal e fizesse tão bem quanto algumas drogas que usamos, pouco antes de dormir.
Todos se olhavam e depois deste ato, passaram a agir mais sinceramente, com eles próprios.
E eu ainda a tinha dormindo em meus braços, enquanto a lua sumia e o céu se coloria.
Se sentia segura e se deixava entregar ao mais incerto dos planos, o mundo dos sonhos, mesmo em meus braços.
Braços estes, que ela dizia trazer o maior aconchego que já havia sentido.
Mais cedo, estes mesmos braços, em que a delicada cabeça dela repousa agora, se estenderam à frente, segurando um embrulho vermelho brilhante, com um laço rosa, especialmente decorado para a satisfação visual e a expectativa emocional de precisar sempre ver empenho na demonstração de amor do outro.
E entreguei a ela.
Recebeu com um sorisso feliz, satisfeito, quase servil.
Desatou o laço que deslizou no embrulho, caindo.
Desembrulhou e antes de poder analisar direito o que acabara de ganhar, pulou em meus braços, me abraçando o pescoço fortemente, deixando o pacote cair, pra depois se desculpar, pegando-o rapidamente no chão, rasgando o papel de presente que embrulhava juntamente com a embalagem do que havia ganho, onde lia-se '12 balas doces de sabor randômico'.
Pegou um exemplar destes balas e ao invés de pôr na sua própria boca, olhou para o lado e deu a um amigo, que se encontrava sentado bem ao nosso lado, numa roda de amigos, 12 pessoas.
E depois lhe deu um beijo.
Aquelas pessoas se analisavam e refletiam sob uma lua cheia de outono, numa praia onde sentia-se o cheiro de vontades e desejos complicados de se realizar.
Mas a maioria das coisas complicadas podem ser resolvidas com uma palavra, ou simplesmente uma vírgula.
E foi o que ela nos deu, naquele momento.
A cada vírgula de sua fala sem sentido e perdida no ar, ela depositava em nossas bocas uma bala e um doce beijo naturalmente e equalitariamente intenso.
Deixou-me por penúltimo me dando a bala e me beijando da mesma forma de todos os outros
Me pediu um beijo depois de degustar sua última bala da caixa.
Feliz, ela me olhava com ternura e serenidade, como se aquilo fosse tão normal e fizesse tão bem quanto algumas drogas que usamos, pouco antes de dormir.
Todos se olhavam e depois deste ato, passaram a agir mais sinceramente, com eles próprios.
E eu ainda a tinha dormindo em meus braços, enquanto a lua sumia e o céu se coloria.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Vontades espelhadas, verdades mostradas
Ele acordou de uma noite mal dormida. Aquele tipo de sonho que confunde a cabeça de todos, fazendo-os pensar se era isso ou a mais pura realidade, havia o pegado nesta madrugada.
O sonho não é tão importante. Ainda.
Cansado, se arrastou até o banheiro. Urinou de olhos fechados e só os abriu na frente do espelho. Viu seu reflexo e ameaçou-o com uma levantada de sombrancelha desafiadora. O reflexo fez o mesmo.
Ele continuou brincando com o reflexo durante alguns minutos.
Cansou e foi escovar os dentes. O reflexo fez o mesmo.
E percebeu que mesmo quando o movimento não era em direção ao espelho, o reflexo imitava o gesto, mesmo assim.
Resolveu testar.
Ele iria ficar o dia inteiro na frente do espelho, agindo normalmente.
Seus olhos estavam vermelhos e sua pupila dilatada.
Olhou como se estivesse olhando para uma menina.
Tomou um enorme susto.
Sentiu repulsa de seu próprio rosto.
Era ridículo.
Ele parecia a pessoa mais horrorosa que ele jamais havia visto.
Era mesquinho, machista, vulgar e nojento.
Continuou a olhar.
Deitou-se no chão frio e levou o espelho consigo deixando os braços estendidos, mirando sua cabeça recostada.
Olhou como se olhasse para as estrelas.
Outro susto.
Seu olhar parecia oco, fraco, nulo.
De novo, uma face monstruosa.
Parecia pedinte, sofredor, ele olhava pro céu desejando tudo, sugando tudo, como se quisesse o universo para si próprio.
Olhou pro lado e levantou.
Posicionou o espelho atrás de sua cabeça e tentou olhá-lo por cima dos ombros.
O frio subitamente lhe tomou o intimo.
O reflexo não era mais ele.
Não parecia nem um pouco com a imagem que ele sempre teve de si próprio.
Botou o espelho no lugar e olhou normalmente.
No reflexo havia desaparecido qualquer semelhança com a pessoa que entrou no banheiro sonolenta.
Virou as costas pro espelho.
Abriu a porta.
Caminhou até a cozinha, deu um abraço na sua mãe, imaginando como sua própria expressão deveria estar intragável, desviou o olhar dela e a girou de forma que fosse possível para ele pegar uma faca de serra sem ela perceber.
Enfiou a faca no bolso e cessou o abraço.
Deu um beijo na face dela e voltou lentamente ao banheiro, segurando suas próprias pernas para não correr.
Abriu a porta viu o reflexo horrendo.
Tirou a faca serrilhada do bolso e, olhando fixamente para o espelho, enfiou-a bem no lado esquerdo do peito.
Sua última visão foi seu rosto.
E naquele momento ele viu sua verdadeira face e sorriu, antes de morrer.
Seu último pensamento foi o sonho da noite anterior: uma orgia, com 5 meninas, todas totalmente submissas a ele, acontecendo no seu quarto, enquanto sua mãe dormia no quarto ao lado.
O sonho não é tão importante. Ainda.
Cansado, se arrastou até o banheiro. Urinou de olhos fechados e só os abriu na frente do espelho. Viu seu reflexo e ameaçou-o com uma levantada de sombrancelha desafiadora. O reflexo fez o mesmo.
Ele continuou brincando com o reflexo durante alguns minutos.
Cansou e foi escovar os dentes. O reflexo fez o mesmo.
E percebeu que mesmo quando o movimento não era em direção ao espelho, o reflexo imitava o gesto, mesmo assim.
Resolveu testar.
Ele iria ficar o dia inteiro na frente do espelho, agindo normalmente.
Seus olhos estavam vermelhos e sua pupila dilatada.
Olhou como se estivesse olhando para uma menina.
Tomou um enorme susto.
Sentiu repulsa de seu próprio rosto.
Era ridículo.
Ele parecia a pessoa mais horrorosa que ele jamais havia visto.
Era mesquinho, machista, vulgar e nojento.
Continuou a olhar.
Deitou-se no chão frio e levou o espelho consigo deixando os braços estendidos, mirando sua cabeça recostada.
Olhou como se olhasse para as estrelas.
Outro susto.
Seu olhar parecia oco, fraco, nulo.
De novo, uma face monstruosa.
Parecia pedinte, sofredor, ele olhava pro céu desejando tudo, sugando tudo, como se quisesse o universo para si próprio.
Olhou pro lado e levantou.
Posicionou o espelho atrás de sua cabeça e tentou olhá-lo por cima dos ombros.
O frio subitamente lhe tomou o intimo.
O reflexo não era mais ele.
Não parecia nem um pouco com a imagem que ele sempre teve de si próprio.
Botou o espelho no lugar e olhou normalmente.
No reflexo havia desaparecido qualquer semelhança com a pessoa que entrou no banheiro sonolenta.
Virou as costas pro espelho.
Abriu a porta.
Caminhou até a cozinha, deu um abraço na sua mãe, imaginando como sua própria expressão deveria estar intragável, desviou o olhar dela e a girou de forma que fosse possível para ele pegar uma faca de serra sem ela perceber.
Enfiou a faca no bolso e cessou o abraço.
Deu um beijo na face dela e voltou lentamente ao banheiro, segurando suas próprias pernas para não correr.
Abriu a porta viu o reflexo horrendo.
Tirou a faca serrilhada do bolso e, olhando fixamente para o espelho, enfiou-a bem no lado esquerdo do peito.
Sua última visão foi seu rosto.
E naquele momento ele viu sua verdadeira face e sorriu, antes de morrer.
Seu último pensamento foi o sonho da noite anterior: uma orgia, com 5 meninas, todas totalmente submissas a ele, acontecendo no seu quarto, enquanto sua mãe dormia no quarto ao lado.
terça-feira, 13 de julho de 2010
O ar e a íris
Sentado no ar, preferiu pisar no chão e olhar pra frente, para onde o seu corpo apontava.
Horizonte amarelo e seu sorriso ainda coloria.
E o ar? Arco. Íris.
Seu olho brilhou e esperou olhares brilhantes.
Os outros preferem falar. E ele não consegue desperdiçar este poder.
Palavras são fartas, mas o que sai de tão abundante parece, sempre, vazio.
Rostos sem novos medos.
Esperando sempre e não expressando o que guarda-se atrás do, agora escuro, olhar.
Horizonte amarelo e seu sorriso ainda coloria.
E o ar? Arco. Íris.
Seu olho brilhou e esperou olhares brilhantes.
Os outros preferem falar. E ele não consegue desperdiçar este poder.
Palavras são fartas, mas o que sai de tão abundante parece, sempre, vazio.
Rostos sem novos medos.
Esperando sempre e não expressando o que guarda-se atrás do, agora escuro, olhar.
sábado, 3 de julho de 2010
3
Eles se tocavam como amigos.
E se desejavam como amantes.
Suavam e conversavam.
Ele conhecia ela de um sonho.
Ela conhecia a outra, que foi apresentada a este, que se apaixonou por mais de um amor.
Três.
Talvez o número mais completo e aberto que existe.
3.
E três lados sempre se atraem por pequenos ângulos em comum.
Como num triângulo.
E era fato ver que nada podia ser mais sincero que aquilo.
E que nenhum pensamento triste, vulgar, pequeno, banal, egoísta e dependente poderia tirar glamour e amor dos momentos que viviam juntos. Os três juntos, ele e ela, ela e ela, nós, vós, eles...
Cumplicidade e liberdade eram cheiros que exalavam de seus corpos crus, quando juntos. Ou quando próximos, em pensamentos.
Faziam questão de não notar aquilo com outros olhos, que não os deles próprios.
Uma vida a três.
E sem portas impedindo a passagem de novos ares por entre os três.
Se encontravam e aquilo soava a festa, tesão, felicidade, desejo, vontade, toques de peles suaves e dois ou mais tipos de perfumes.
Era lindo.
O amor, como prova de não prisão.
O amor como ele deve ser, solto, incondicional. Sem nenhuma condição para se tornar um amor verdadeiro e, às vezes, instantâneo.
E eles podiam ver o outro, se deliciar com o gozo alheio.
Novas formas de se ter prazer.
Era esta uma das linhas que guiavam suas vidas, mesmo sem eles perceberem: procurar pela vida, em baixo de qualquer pedra, em cima de qualquer nuvem, uma sensação, satisfação absoluta. Sem rodeios, sem medidas, sem prazos. Só vontades premiadas.
E eles podiam provar mais de um gozo.
Podiam sentir mais, bem mais de apenas um desejo por vez.
Eles sonhavam e se encontravam vivendo exatamente o que tinham desejado.
Um dia eles se mudaram para longe.
Pois este é um país de loucos que se ofendem com beijos, amores e seios descobertos.
Eles precisavam de mais espaço.
Eles não conseguiam pensar apenas no seu próprio deleite.
Eles se deleitavam em provocar deleites.
E dois talvez fosse muito pouco pra tantos dias...
E se desejavam como amantes.
Suavam e conversavam.
Ele conhecia ela de um sonho.
Ela conhecia a outra, que foi apresentada a este, que se apaixonou por mais de um amor.
Três.
Talvez o número mais completo e aberto que existe.
3.
E três lados sempre se atraem por pequenos ângulos em comum.
Como num triângulo.
E era fato ver que nada podia ser mais sincero que aquilo.
E que nenhum pensamento triste, vulgar, pequeno, banal, egoísta e dependente poderia tirar glamour e amor dos momentos que viviam juntos. Os três juntos, ele e ela, ela e ela, nós, vós, eles...
Cumplicidade e liberdade eram cheiros que exalavam de seus corpos crus, quando juntos. Ou quando próximos, em pensamentos.
Faziam questão de não notar aquilo com outros olhos, que não os deles próprios.
Uma vida a três.
E sem portas impedindo a passagem de novos ares por entre os três.
Se encontravam e aquilo soava a festa, tesão, felicidade, desejo, vontade, toques de peles suaves e dois ou mais tipos de perfumes.
Era lindo.
O amor, como prova de não prisão.
O amor como ele deve ser, solto, incondicional. Sem nenhuma condição para se tornar um amor verdadeiro e, às vezes, instantâneo.
E eles podiam ver o outro, se deliciar com o gozo alheio.
Novas formas de se ter prazer.
Era esta uma das linhas que guiavam suas vidas, mesmo sem eles perceberem: procurar pela vida, em baixo de qualquer pedra, em cima de qualquer nuvem, uma sensação, satisfação absoluta. Sem rodeios, sem medidas, sem prazos. Só vontades premiadas.
E eles podiam provar mais de um gozo.
Podiam sentir mais, bem mais de apenas um desejo por vez.
Eles sonhavam e se encontravam vivendo exatamente o que tinham desejado.
Um dia eles se mudaram para longe.
Pois este é um país de loucos que se ofendem com beijos, amores e seios descobertos.
Eles precisavam de mais espaço.
Eles não conseguiam pensar apenas no seu próprio deleite.
Eles se deleitavam em provocar deleites.
E dois talvez fosse muito pouco pra tantos dias...
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Insólito ar
Voz mansa, como se nada ao seu redor realmente importasse.
Respiração lenta e ritimada.
E ter todo tempo de mundo a sua frente, ás vezes não é tão vantajoso assim.
Alegres são os que deixam o tempo passar.
Fechar os olhos e esperar o mundo decidir que está, ou não, na hora de você sorrir.
Ela acordou.
O dia era tão escuro e chuvoso quanto o anterior.
Não havia razão alguma pra sair da cama, mas ela saiu, desafiando sua sina.
Queria um pouco de atenção.
Sonhou com bolhas, num mar de sabão.
Dormia num quarto umido e com uma brecha que entrava pouquíssima luz.
Mas ela não precisava de luz.
Ela não precisava de nada.
Nem amor, nem ódio, nem tempo, nem dinheiro.
Ela não era feliz e nem pretendia ser.
Estava bom assim.
Um dia chegou a sonhar com o tal príncipe.
O procurou toda noite em baixo das cobertas e nas pistas de dança.
Não encontrou nada.
Desistiu do príncipe.
Desistiu dos homens.
Desistiu das pessoas.
Mas mesmo assim, continuava sentindo necessidade de pele.
Se tocava todo dia.
Aquilo a fazia sorrir.
Mas era tão solitário.
Ainda faltava outra pele, que não a dela própria.
Beijava paredes no banheiro, fingindo ser seu prícipe.
E ele parecia mais um junkie cult, do que exatamente um nobre de cabelos loiros e roupas limpas.
Resolveu parar de esperar.
Começou a olhar para os meninos, como apenas diversão.
Quebrou muitos corações, mas se divertiu.
Esperou o fim.
Morreu quieta e insatisfeita.
Respiração lenta e ritimada.
E ter todo tempo de mundo a sua frente, ás vezes não é tão vantajoso assim.
Alegres são os que deixam o tempo passar.
Fechar os olhos e esperar o mundo decidir que está, ou não, na hora de você sorrir.
Ela acordou.
O dia era tão escuro e chuvoso quanto o anterior.
Não havia razão alguma pra sair da cama, mas ela saiu, desafiando sua sina.
Queria um pouco de atenção.
Sonhou com bolhas, num mar de sabão.
Dormia num quarto umido e com uma brecha que entrava pouquíssima luz.
Mas ela não precisava de luz.
Ela não precisava de nada.
Nem amor, nem ódio, nem tempo, nem dinheiro.
Ela não era feliz e nem pretendia ser.
Estava bom assim.
Um dia chegou a sonhar com o tal príncipe.
O procurou toda noite em baixo das cobertas e nas pistas de dança.
Não encontrou nada.
Desistiu do príncipe.
Desistiu dos homens.
Desistiu das pessoas.
Mas mesmo assim, continuava sentindo necessidade de pele.
Se tocava todo dia.
Aquilo a fazia sorrir.
Mas era tão solitário.
Ainda faltava outra pele, que não a dela própria.
Beijava paredes no banheiro, fingindo ser seu prícipe.
E ele parecia mais um junkie cult, do que exatamente um nobre de cabelos loiros e roupas limpas.
Resolveu parar de esperar.
Começou a olhar para os meninos, como apenas diversão.
Quebrou muitos corações, mas se divertiu.
Esperou o fim.
Morreu quieta e insatisfeita.
sábado, 26 de junho de 2010
Lágrimas e brilhos furtivos
Socar seu estômago.
Primeiro pensamento registrado numa cabeça que não suporta mais peso nenhum de nada que não seja concreto.
E o medo surge feito um trem descarrilhado e descontrolado que aparece por trás das árvores.
O soco te faria perceber que existe muito mais em uma pessoa do que seu olhar.
E que nem todas conseguem exatamente falar o que precisam. Lhes faltam instintos.
Te faria deixar o silêncio tomar conta. Deixar tudo ser como o ar. Que é sábio, a propósito.
Esquecer tudo que pôde um dia te magoar e te ferir, quando nem mesmo te toca.
E você devia mesmo saber que a vida não é apenas uma linha e sim um triângulo. Onde todas as partes se tocam e são dependentes.
Precisamos dos outros e precisamos de muitos.
Lembra aquele menino que conhecemos?
Ele ainda vive embaixo de uma macieira, naquela mesma colina. E toda noite ele sai pra caçar estrelas.
Ele tinha ganho uma, tempos atrás
Cadente.
Você chegou a conhecer, lembra?
Ela era linda.
Mas era só e cada vez brilhava menos.
Estrelas precisam das suas vizinhas para brilhar mais ou menos.
E ele precisava de novos brilhos.
Queria parar de admirar as estrelas apenas no ceú e ter só uma ao seu alcance.
Precisava disso.
No primeiro dia, ele simplesmente esperou a noite cair e viu a estrela que mais brilhava para ele, naquele momento.
Pois o brilho das estrelas certamente não é igual para todos olhos, assim como as cores.
Ele pulou por sobre os galhos da macieira e foi escalando até o topo.
Olhou para trás e viu sua estrela cadente sem forças para brilhar ou vim para o céu com ele.
Deixou-a com um triste adeus.
Voou e foi atrás da que mais brilhava.
Segurou-a com todos os dedos.
Toque quente, suave e espirituoso.
Trouxe-a pra junto do seu corpo.
Decidiu que aquela noite não voltaria pra macieira.
De manhã chegou e sua estrela no chão tinha virado pó. E foi levada com o vento.
Ele chorou.
Na outra lua, ele recebeu a visita daquela estrela da noite anterior.
Ela queria só sentir seu toque de novo.
E aquilo lhe fez bem.
Daí em diante ele passa quase todas as noites no céu, sendo impulsionado pela vontade.
Podemos encontrar ele de dia, deitado na sombra de sua arvorezinha.
Feliz e com uma estrela morta ao lado.
Lágrimas e brilhos furtivos é isso que ele tem agora.
Primeiro pensamento registrado numa cabeça que não suporta mais peso nenhum de nada que não seja concreto.
E o medo surge feito um trem descarrilhado e descontrolado que aparece por trás das árvores.
O soco te faria perceber que existe muito mais em uma pessoa do que seu olhar.
E que nem todas conseguem exatamente falar o que precisam. Lhes faltam instintos.
Te faria deixar o silêncio tomar conta. Deixar tudo ser como o ar. Que é sábio, a propósito.
Esquecer tudo que pôde um dia te magoar e te ferir, quando nem mesmo te toca.
E você devia mesmo saber que a vida não é apenas uma linha e sim um triângulo. Onde todas as partes se tocam e são dependentes.
Precisamos dos outros e precisamos de muitos.
Lembra aquele menino que conhecemos?
Ele ainda vive embaixo de uma macieira, naquela mesma colina. E toda noite ele sai pra caçar estrelas.
Ele tinha ganho uma, tempos atrás
Cadente.
Você chegou a conhecer, lembra?
Ela era linda.
Mas era só e cada vez brilhava menos.
Estrelas precisam das suas vizinhas para brilhar mais ou menos.
E ele precisava de novos brilhos.
Queria parar de admirar as estrelas apenas no ceú e ter só uma ao seu alcance.
Precisava disso.
No primeiro dia, ele simplesmente esperou a noite cair e viu a estrela que mais brilhava para ele, naquele momento.
Pois o brilho das estrelas certamente não é igual para todos olhos, assim como as cores.
Ele pulou por sobre os galhos da macieira e foi escalando até o topo.
Olhou para trás e viu sua estrela cadente sem forças para brilhar ou vim para o céu com ele.
Deixou-a com um triste adeus.
Voou e foi atrás da que mais brilhava.
Segurou-a com todos os dedos.
Toque quente, suave e espirituoso.
Trouxe-a pra junto do seu corpo.
Decidiu que aquela noite não voltaria pra macieira.
De manhã chegou e sua estrela no chão tinha virado pó. E foi levada com o vento.
Ele chorou.
Na outra lua, ele recebeu a visita daquela estrela da noite anterior.
Ela queria só sentir seu toque de novo.
E aquilo lhe fez bem.
Daí em diante ele passa quase todas as noites no céu, sendo impulsionado pela vontade.
Podemos encontrar ele de dia, deitado na sombra de sua arvorezinha.
Feliz e com uma estrela morta ao lado.
Lágrimas e brilhos furtivos é isso que ele tem agora.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Euforias Momentâneas (Ou Apatia)
Ele tinha acabado de sair do bar.
Ele sentia o frio de perto e gostava disso.
Era noite, passava-se da metade dela.
Sono.
Bêbado.
Sono.
Cambaleava de um lado para outro, em zigue-zague distorcido e bem, mas muito bem, calmo.
Estava tudo tão vazio.
As ruas,
O céu sem estrelas,
Os carros estacionados,
O ar difícil de tragar,
O coração dele
E seu bolso.
Uma brutal descarga de responsabilidade é despejada em seu estômago.
Ele não tinha dinheiro nenhum.
Amanhã tinha que estar no escritório sujo e abarrotado de coisas e pessoas que se interessam demais pela merda de vida dele. Ás 8 da manhã.
Ele quase se desesperou.
Parou. Se apoiou na grade de entrada da seu kitnet.
Pensou,
Pensou,
Tentou resolver o problema. Mas ele nunca foi bom em resolução de problemas, muito menos os lógicos.
Era melhor entrar.
Dentro de seu quarto, ele continuava vendo tudo vazio.
Tão solitáriamente bagunçado.
Aquilo ali era muito ele.
Difícil tragar tanto ar cansado, usado e reusado pela mesma pessoa.
O quarto não tinha janelas.
Ele viu o chão e como se a bagunça lhe desse uma dica, ele pensou.
Podia pegar um ônibus lotado, na hora do rush matinal,saltar alguns pontos antes, e ir andando.
Ele só tinha uma passagem no seu cartão.
Economizaria a ida.
Foi durmir, pois já passava a primeira hora do dia.
No dia seguinte.
Sua cabeça doia.
Ele a tinha batido na parede algumas vezes durante o banho.
Fez isso pra tentar acordar, tentar parar de sonhar, tentar não querer mais do que seus braços podem alcançar.
Havia restos demais.
Haviam teorias de mais.
E tinha que correr.
Estava atrasado.
A hora do rush havia passado.
E ele só tinha como ir.
Era bom só ir.
Voltar, talvez não precisasse acontecer.
Amanhã talvez não precisasse mesmo existir.
E ele ainda teria que aprender a lidar com pessoas.
Era melhor se contentar com pouco.
E as surpresas boas só acontecem quando não se precisa mais delas.
Ele sentia o frio de perto e gostava disso.
Era noite, passava-se da metade dela.
Sono.
Bêbado.
Sono.
Cambaleava de um lado para outro, em zigue-zague distorcido e bem, mas muito bem, calmo.
Estava tudo tão vazio.
As ruas,
O céu sem estrelas,
Os carros estacionados,
O ar difícil de tragar,
O coração dele
E seu bolso.
Uma brutal descarga de responsabilidade é despejada em seu estômago.
Ele não tinha dinheiro nenhum.
Amanhã tinha que estar no escritório sujo e abarrotado de coisas e pessoas que se interessam demais pela merda de vida dele. Ás 8 da manhã.
Ele quase se desesperou.
Parou. Se apoiou na grade de entrada da seu kitnet.
Pensou,
Pensou,
Tentou resolver o problema. Mas ele nunca foi bom em resolução de problemas, muito menos os lógicos.
Era melhor entrar.
Dentro de seu quarto, ele continuava vendo tudo vazio.
Tão solitáriamente bagunçado.
Aquilo ali era muito ele.
Difícil tragar tanto ar cansado, usado e reusado pela mesma pessoa.
O quarto não tinha janelas.
Ele viu o chão e como se a bagunça lhe desse uma dica, ele pensou.
Podia pegar um ônibus lotado, na hora do rush matinal,saltar alguns pontos antes, e ir andando.
Ele só tinha uma passagem no seu cartão.
Economizaria a ida.
Foi durmir, pois já passava a primeira hora do dia.
No dia seguinte.
Sua cabeça doia.
Ele a tinha batido na parede algumas vezes durante o banho.
Fez isso pra tentar acordar, tentar parar de sonhar, tentar não querer mais do que seus braços podem alcançar.
Havia restos demais.
Haviam teorias de mais.
E tinha que correr.
Estava atrasado.
A hora do rush havia passado.
E ele só tinha como ir.
Era bom só ir.
Voltar, talvez não precisasse acontecer.
Amanhã talvez não precisasse mesmo existir.
E ele ainda teria que aprender a lidar com pessoas.
Era melhor se contentar com pouco.
E as surpresas boas só acontecem quando não se precisa mais delas.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
A lei acima da vida (ou Sinônimos)
Minha cama nunca mais desabou, tá tudo tão seguro e tedioso.
As noites parecem cada dia mais intensas. Encaro a noite não mais como uma crinaça, mas como um passeio na montanha russa. Onde você pode estar bem e tranquilo, para logo após entrar em estado puro de adrenalina.
Produzida por você mesmo.
Droga mais que natural, instintiva.
Sexta acaba e volto pra casa. Pro lugar que já foi tão reservado. Pro lugar em que eu não queria levar ninguém. E agora anseio por uma presença, pois o quarto parece maior e, consequentemente, mais vazio.
Gostaria de ter de volta tempos em que pude sentir o fluir da alegria. Da satisfação, ao menos físcia. E não posso mais.
Noite são como armadilhas. Te pegam desprevinido.
Sonhos quentes. Olhares ardentes e nenhuma verdadeira ação.
A cena se passa em um lugar vermelho, e que ali só se manifestava e sacramentava o desejo.
Eu estava mais próximo do que poderia.
Eu estava sentindo o contato com a pele dela.
Tentei evitar, mas fazia frio lá fora.
Era melhor se sentir quente. Mesmo por fora.
Queria alguém para forçar as estruturas.
Ela estava perto, ao alcance de minha voz.
Mas, pena, ela não poderia ouvir sussuros acanhados e tão baixos.
Só, pois não pude me comunicar bem.
As noites parecem cada dia mais intensas. Encaro a noite não mais como uma crinaça, mas como um passeio na montanha russa. Onde você pode estar bem e tranquilo, para logo após entrar em estado puro de adrenalina.
Produzida por você mesmo.
Droga mais que natural, instintiva.
Sexta acaba e volto pra casa. Pro lugar que já foi tão reservado. Pro lugar em que eu não queria levar ninguém. E agora anseio por uma presença, pois o quarto parece maior e, consequentemente, mais vazio.
Gostaria de ter de volta tempos em que pude sentir o fluir da alegria. Da satisfação, ao menos físcia. E não posso mais.
Noite são como armadilhas. Te pegam desprevinido.
Sonhos quentes. Olhares ardentes e nenhuma verdadeira ação.
A cena se passa em um lugar vermelho, e que ali só se manifestava e sacramentava o desejo.
Eu estava mais próximo do que poderia.
Eu estava sentindo o contato com a pele dela.
Tentei evitar, mas fazia frio lá fora.
Era melhor se sentir quente. Mesmo por fora.
Queria alguém para forçar as estruturas.
Ela estava perto, ao alcance de minha voz.
Mas, pena, ela não poderia ouvir sussuros acanhados e tão baixos.
Só, pois não pude me comunicar bem.
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