segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O silêncio e os ruídos.

Lá estavam eles.Sempre bem vestidos. Roupas e acessórios limpos e impecáveis. Às vezes, eu odiava eles.

Lá estava eu. Silêncio.

A noite, de verdade, não parecia reservar nenhuma grande surpresa. Noite calma e silenciosa. Os ruídos faziam parte do silêncio. Sempre me interessei por ruídos. E no fundo, ruídos também se interessam por mim. Não confessam, mas me adoram. Me procuram.

Sim, de novo eu estava só. Não sozinho, sozinho nunca, pois essa sensação sempre me deu arrepios, mas só.

E elas, sempre elas, amores inatingíveis. E para mim, apenas para mim, inconfessos.

Ah, você deve ter ouvido falar de um desses amores. Amores instantâneos. Amores fulgazes, instantâneos, mas repetitivos. Porém tão verdadeiros e intensos que me tiram lágrimas.

E o que tenho a falar de medos? Medo é estar ali e nunca saber o que falar. Medo inconfesso.

A noite, eu, eles, elas. Nada demais. Nada.

O pensamento é a arte de se esquecer.

Abro os olhos, tudo continua igual. Ufa!

Vou atrás dos ruídos, eles não me seguem, eles nem me olham. Agora sou eu, a noite e os ruídos.

Avisto o céu. Pela primeira vez na noite, olho o céu. Entediante e maravilhoso.

Estrelas. Posso vê-las, mas não tocá-las. Estrelas existem? Não posso reponder.

Garganta seca. Umacerveja.

Não estou satisfeito e não estarei.

Me esqueço e penso. Elas, ela. Eu

Acho que me esqueci o que os outros querem. Sei apenas o que eles são. E sei bem.

Todos, sem exceção, são livros abertos. Consigo lê-los, mas nunca consigo pegá-los em minhas mãos.

Quieto.

Amanheço. Eu e o céu.

Não existe mais eles, nem a noite, ou elas.

O céu está longe demais para existir.

E eu estou perto demais para ser.

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