sábado, 3 de julho de 2010

3

Eles se tocavam como amigos.
E se desejavam como amantes.
Suavam e conversavam.
Ele conhecia ela de um sonho.
Ela conhecia a outra, que foi apresentada a este, que se apaixonou por mais de um amor.
Três.
Talvez o número mais completo e aberto que existe.
3.
E três lados sempre se atraem por pequenos ângulos em comum.
Como num triângulo.
E era fato ver que nada podia ser mais sincero que aquilo.
E que nenhum pensamento triste, vulgar, pequeno, banal, egoísta e dependente poderia tirar glamour e amor dos momentos que viviam juntos. Os três juntos, ele e ela, ela e ela, nós, vós, eles...
Cumplicidade e liberdade eram cheiros que exalavam de seus corpos crus, quando juntos. Ou quando próximos, em pensamentos.
Faziam questão de não notar aquilo com outros olhos, que não os deles próprios.
Uma vida a três.
E sem portas impedindo a passagem de novos ares por entre os três.
Se encontravam e aquilo soava a festa, tesão, felicidade, desejo, vontade, toques de peles suaves e dois ou mais tipos de perfumes.
Era lindo.
O amor, como prova de não prisão.
O amor como ele deve ser, solto, incondicional. Sem nenhuma condição para se tornar um amor verdadeiro e, às vezes, instantâneo.
E eles podiam ver o outro, se deliciar com o gozo alheio.
Novas formas de se ter prazer.
Era esta uma das linhas que guiavam suas vidas, mesmo sem eles perceberem: procurar pela vida, em baixo de qualquer pedra, em cima de qualquer nuvem, uma sensação, satisfação absoluta. Sem rodeios, sem medidas, sem prazos. Só vontades premiadas.
E eles podiam provar mais de um gozo.
Podiam sentir mais, bem mais de apenas um desejo por vez.
Eles sonhavam e se encontravam vivendo exatamente o que tinham desejado.
Um dia eles se mudaram para longe.
Pois este é um país de loucos que se ofendem com beijos, amores e seios descobertos.
Eles precisavam de mais espaço.
Eles não conseguiam pensar apenas no seu próprio deleite.
Eles se deleitavam em provocar deleites.
E dois talvez fosse muito pouco pra tantos dias...

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