terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estudo sobre a capacidade de lotação (ou A quantidade de lugares vagos) do meu coração

Sobre a infância e os choros sem nenhum motivo aparente, posso dizer que usei. Tudo que fingi aprender na escola, no colégio e na vida sem nenhum perigo real, eu usei.
E hoje posso ver com mais clareza as lógicas e armadilhas desse caminho tortuoso em direção à morte.
E só posso falar com certeza, que o maior mal do homem é a tão cultuada Relação interpessoal.
Eu me entendo, sei de onde venho e de onde surgiram minhas fartas convicções. Sei o que é realmente certo e que o errado torna-se nulo para alguém de coração puro.
Mas conheço alguém, ou 'alguens' que me fazem chorar. Com lágrimas sinceras. E que mudam como um raio a minha vida e minha visão parca de mundo.
Vivo, sonho e espero tudo dessa frágil e solitária pessoa, antes citada como alguém, ou 'alguens'.
Meu mundo desmorona e eu esqueço, como num piscar de olhos, minhas antes fartas convicções por um simples motivo: agradar de todas as formas, este alguém que adentrou como um automóvel desgovernado em minha vida.
Tornar o mundo num paraíso eterno para esta pessoa, ou para estas pessoas.
E quando perto, como numa loucura sem sanidade alguma aparente, esse alguém (ou 'alguens') simplesmente deixa de existir, existindo, em minha vida.
O ar fica mais raro. E os sonhos se tornam meros detalhes acidentais de uma vida louca.
Sobra espaço num local antes lotado. Meu coração.
E, apesar de ter usado todo meu conhecimento infantil, vejo meu coração, e neurônios responsáveis pelas partes emocionais do cérebro, despedaçados.

2 comentários:

Amanda Oliveira disse...

Eu sempre achei que o coração pode ser comparado com apartamentos. Alugados ou comprados, os espaços dentro desse outro espaço sempre esteve destinado a algo ou a alguém. E quando o assunto é alguém, meu Cairo, aí sim podemos dizer que estamos falando de aluguel. Nós somos os inquilimos. Liberamos o nosso apartamento para alguém morar. Uns ficam uns anos. Outros dias. Ou até mesmo horas, mas sempre ficam de alguma maneira. E o que a gente cobra como pagamento? Amor. A forma mais linda de se pagar qualquer coisa nesse mundo.

Amanda Oliveira disse...

Trocando uma parte em que me confundi (para variar):

"Nós somos os inquilinos e sempre estamos procurando um lugar para ficar. Uns ficam uns anos. Outros dias. Ou até mesmo horas, mas sempre ficam de alguma maneira. E o que a gente usa como pagamento?"