sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A inabilidade do passar dos dias (ou Explicações para corações despadaçadamente bonitos)

Capítulo I -
Ele, definiu poucas coisas, quase nada.

Capítulo II-
Disse só que poderiam ficar com tudo, ele só queria a gaiola.
A gaiola que continha a dois meses atrás, seu passarinho.
Cujo ele mesmo soltou, quando, numa tarde qualquer, ele avistou o sol. Viu seus raios cortarem tudo, pricipalmente as folhas das árvores.
Percebeu, naquele instante, que por mais esforço que ele fizesse, ou pensasse em fazer, para ter em suas mãos toda beleza pura e verdadeira do mundo, não adiantava, pois nada de belo pode ser realmente possuído, ele percebeu.
E nada de verdadeiramente sutil e simples, como a beleza pode ser adquirido por consessão, ou não.

Capítulo III -
E ele soltou seus braços, que viviam cruzados.
Percebeu que o ar pode, sim, ser tocado, e que seu toque nada mais é do que sublime.
Quase tão suave como o toque imaginário de uma menina que você se 'apaixonou' instanteneamente ao vê-la na rua.
Mas, para ele, ato proveitoso, pois se trata de si próprio, não do resto do mundo, ou do resto da casa.

Capítulo IV -
Ele queria respirar.
E voltar a sonhar, quando não necessariamente estivesse adormecido. Sonhos concretos, realizáveis e só não, reais, pela questão prática da coisa.
Queria ter a vitória em suas mãos, antes de cruzar a linha de chegada.

Capítulo V -
Existiram épocas de fácil contato físico, para ele.
Mas preferiu esquecer e voltar a lembrar, que sexo, por si só, não cura carência.
E ele preferia sentir dor a não sentir nada.
E gostava de exacerbar seus feitos, ou seus fúteis conhecimentos.
Como se fosse preciso gritar, para ser realmente ouvido.

Capítulo VI -
E ele chorava toda vez que sabia que estava sozinho, e também quando encontrava alguém 'capaz' de sentir o mesmo que ele.
Egocêntrico, ou 'egotântrico', pelo prazer prolongado, de poder ser realmente, mas aos poucos e nem pra todos.

Capítulo VII -
Queria seu ar, porra.
Mas ela não entendia, e fazia questão de borrar tudo com seu cinismo, radicalismo, ou inabilidade mesmo.

Capítulo VIII -
E hoje, ele se importava aos poucos, pois o ar não era mais tão raro, quanto já foi.
E seu mal era a asma, ou a falta de ar proveniente de outros pulmões, algum médico diria.
Carência, o tolo gritaria.
E ele, óbvio, choraria. Por seus corações e seus sonhos-corações submersos em sentimentos escondidos pelo orgulho, ou pela auto-imagem cultivadamente pura mesmo.

Capítulo IX -
Ele sentia sim, medo, fome, vazio, desejo, vaidade e qualquer outro pecado.
Mas ao falar mal do pecado, falaria bem da igreja e isso, ele nunca quis.
Não nos últimos quatro, cinco anos. Que para ele passaram tão rápido como uma tempestade.
A famosa sindrome dos anos zero zero, que, por sinal, já passaram, e fazem ele lembrar de cem anos atrás, que mais parecem meses, passados a pouco.

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