sexta-feira, 18 de junho de 2010

Euforias Momentâneas (Ou Apatia)

Ele tinha acabado de sair do bar.
Ele sentia o frio de perto e gostava disso.
Era noite, passava-se da metade dela.
Sono.
Bêbado.
Sono.
Cambaleava de um lado para outro, em zigue-zague distorcido e bem, mas muito bem, calmo.
Estava tudo tão vazio.
As ruas,
O céu sem estrelas,
Os carros estacionados,
O ar difícil de tragar,
O coração dele
E seu bolso.
Uma brutal descarga de responsabilidade é despejada em seu estômago.
Ele não tinha dinheiro nenhum.
Amanhã tinha que estar no escritório sujo e abarrotado de coisas e pessoas que se interessam demais pela merda de vida dele. Ás 8 da manhã.
Ele quase se desesperou.
Parou. Se apoiou na grade de entrada da seu kitnet.
Pensou,
Pensou,
Tentou resolver o problema. Mas ele nunca foi bom em resolução de problemas, muito menos os lógicos.
Era melhor entrar.
Dentro de seu quarto, ele continuava vendo tudo vazio.
Tão solitáriamente bagunçado.
Aquilo ali era muito ele.
Difícil tragar tanto ar cansado, usado e reusado pela mesma pessoa.
O quarto não tinha janelas.
Ele viu o chão e como se a bagunça lhe desse uma dica, ele pensou.
Podia pegar um ônibus lotado, na hora do rush matinal,saltar alguns pontos antes, e ir andando.
Ele só tinha uma passagem no seu cartão.
Economizaria a ida.
Foi durmir, pois já passava a primeira hora do dia.
No dia seguinte.
Sua cabeça doia.
Ele a tinha batido na parede algumas vezes durante o banho.
Fez isso pra tentar acordar, tentar parar de sonhar, tentar não querer mais do que seus braços podem alcançar.
Havia restos demais.
Haviam teorias de mais.
E tinha que correr.
Estava atrasado.
A hora do rush havia passado.
E ele só tinha como ir.
Era bom só ir.
Voltar, talvez não precisasse acontecer.
Amanhã talvez não precisasse mesmo existir.
E ele ainda teria que aprender a lidar com pessoas.
Era melhor se contentar com pouco.
E as surpresas boas só acontecem quando não se precisa mais delas.

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