quarta-feira, 30 de junho de 2010

Insólito ar

Voz mansa, como se nada ao seu redor realmente importasse.
Respiração lenta e ritimada.
E ter todo tempo de mundo a sua frente, ás vezes não é tão vantajoso assim.
Alegres são os que deixam o tempo passar.
Fechar os olhos e esperar o mundo decidir que está, ou não, na hora de você sorrir.
Ela acordou.
O dia era tão escuro e chuvoso quanto o anterior.
Não havia razão alguma pra sair da cama, mas ela saiu, desafiando sua sina.
Queria um pouco de atenção.
Sonhou com bolhas, num mar de sabão.
Dormia num quarto umido e com uma brecha que entrava pouquíssima luz.
Mas ela não precisava de luz.
Ela não precisava de nada.
Nem amor, nem ódio, nem tempo, nem dinheiro.
Ela não era feliz e nem pretendia ser.
Estava bom assim.
Um dia chegou a sonhar com o tal príncipe.
O procurou toda noite em baixo das cobertas e nas pistas de dança.
Não encontrou nada.
Desistiu do príncipe.
Desistiu dos homens.
Desistiu das pessoas.
Mas mesmo assim, continuava sentindo necessidade de pele.
Se tocava todo dia.
Aquilo a fazia sorrir.
Mas era tão solitário.
Ainda faltava outra pele, que não a dela própria.
Beijava paredes no banheiro, fingindo ser seu prícipe.
E ele parecia mais um junkie cult, do que exatamente um nobre de cabelos loiros e roupas limpas.
Resolveu parar de esperar.
Começou a olhar para os meninos, como apenas diversão.
Quebrou muitos corações, mas se divertiu.
Esperou o fim.
Morreu quieta e insatisfeita.

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